30/10/2019 - 15:25
A Grande Mancha de Lixo do Pacífico, uma área semelhante à da França localizada entre a Califórnia e o Havaí, recebeu visitantes inesperados há alguns anos. Segundo pesquisadores da Ocean Cleanup Foundation relataram recentemente à revista “Marine Biodiversity”, foram observados pelo menos quatro cachalotes (incluindo uma mãe e um filhote), três baleias-bicudas, duas baleias-barbadas e pelo menos outros cinco cetáceos.
A presença desses animais naquela área preocupa os pesquisadores. “Nossas visões de inúmeros plásticos oceânicos de uma ampla gama de tamanhos sugerem que os cetáceos dentro da [Grande Mancha de Lixo do Pacífico] provavelmente são impactados pela poluição do plástico, seja por interações de ingestão ou emaranhamento com itens de detritos”, afirmam os autores do estudo.
Os cetáceos foram vistos em outubro de 2016, a partir de uma aeronave da era da Guerra do Vietnã, e registrados em fotografias, imagens em infravermelho e dados do LIDAR. Juntamente com inúmeros fragmentos de plástico e pequenas partículas sintéticas, os pesquisadores também encontraram naquele trecho 1.280 pedaços de detritos maiores que 50 centímetros – uma proporção de aproximadamente 90 grandes objetos plásticos por animal avistado.
Distribuição desigual
Estima-se que a Grande Mancha de Lixo do Pacífico tenha 80 mil toneladas de redes de plástico flutuantes, cordas de pesca, bens de consumo de plástico e outros tipos de lixo não biodegradável. A distribuição não é uniforme: algumas áreas dessa região do oceano têm mais lixo do que outras.
São as correntes oceânicas rotativas, ou “giros”, que formam manchas como essa do leste do Pacífico. Os fluxos de lixo transportados por outras correntes ficam cercados por esses giros e ali permanecem, acumulando-se. Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), existem pelo menos duas outras manchas de lixo de grande porte nos oceanos, uma no sul do Pacífico e outra no norte do Atlântico.
A Campanha dos Mares Limpos das Nações Unidas de 2017 estimou que há 51 trilhões de partículas microplásticas no oceano, 500 vezes mais que o número de estrelas na Via Láctea.