Após o centro histórico da cidade de Porto Alegre ser inundado e o estado do Rio Grande do Sul viver uma tragédia climática no início deste mês de maio, moradores registraram baratas invadindo as ruas e imóveis da capital gaúcha. A periplaneta-americana é a espécie mais encontrada.

O rio Guaíba registrou uma cheia histórica de 5,26 metros na manhã desta segunda-feira, 6, superando a elevação observada em 1941, recorde de Porto Alegre, em 20 centímetros.

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Há quem diga que as baratas sobreviveriam até mesmo a desastres nucleares, e não é por menos. Esses animais existem há mais de 250 milhões de anos, presenciando a ascensão e queda dos dinossauros, conforme Neliton Silva, professor da UFAM (Universidade do Amazonas) e doutor em entomologia – estudo dos insetos.

Em Porto Alegre, os animais estão aparecendo nas ruas da cidade após serem expulsas de seu habitat natural com as inundações. “Baratas gostam de ambientes escuros, úmidos e que tenham alimentos. Valas, frestas, ralos. Com a chegada das águas, essas colônias sofreram um processo de desalojamento”, explica Neliton Silva.

De acordo com o doutor em entomologia, as baratas são animais que conseguem se adaptar facilmente a condições extremas. “Elas se deslocam nadando na superfície da água até atingir qualquer coisa que possibilite uma fuga. São exímias nadadoras”, detalha Neliton, acrescentando que três pares de patas e asas possibilitam a movimentação.

Para o professor da UFAM, por serem animais que existem há milhões de anos, as baratas desenvolveram uma capacidade de sobrevivência “extraordinária”. “Elas possuem uma camada lipídica que impede a água de agregar ao corpo, além de ter habilidade para deslocamento aquático, aéreo e terrestre”, aponta o especialista.

Ainda, as baratas são animais onívoros que podem se alimentar de pano a resíduos orgânicos, garantindo uma vantagem a outros insetos. “Associado à capacidade de localizar comida com sensores presentes principalmente nas antenas, a distâncias que chegam a um quilômetro”, afirma Neliton Silva, acrescentando que as baratas podem depositar um estojo de ovos que pode conter de 14 a 44 filhotes.

“Por estarem em ambientes muitas vezes insalubres, as baratas são portadoras de microrganismos patogênicos, o que agrava a situação de doenças”, finaliza o professor.

*Com informações do Estadão

**Estagiário sob supervisão