Embarcação transportava até 400 pessoas quando virou em momento de ventos fortes. Mais de cem migrantes foram resgatados, e muitos seguem desaparecidos.Pelo menos 78 pessoas morreram após um barco de pesca que transportava migrantes naufragar ao sul do litoral da Grécia nesta quarta-feira (14/06), anunciou a guarda costeira grega.

Acredita-se que o barco transportava até 400 pessoas que haviam saído da região do porto líbio de Tobruk e tentavam chegar à Itália. A maior parte delas vinha do Egito, da Síria e do Paquistão, segundo as autoridades gregas.

A tragédia ocorreu a cerca de 75 quilômetros a sudoeste do Peloponeso, no sul da Grécia, quando havia ventos fortes na região e a embarcação virou.

O incidente é o mais mortal deste ano registrado pelas autoridades gregas, e um dos piores na Europa. Em fevereiro, 96 pessoas morreram quando um barco de madeira levando migrantes chocou-se com pedras na costa da Calábria, na Itália, durante uma tempestade.

Uma operação de busca e resgate está em andamento, e 104 pessoas já foram retiradas com vida do mar e levadas para a cidade grega de Kalamata, onde receberam roupas secas e atendimento médico em abrigos montados por serviços de ambulância e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Quatro pessoas foram hospitalizadas com sintomas de hipotermia.

Quantas pessoas ainda estão desaparecidas?

A busca envolve seis embarcações da guarda costeira, uma fragata da marinha, um avião de transporte militar, um helicóptero da força aérea, várias embarcações particulares e um drone da Frontex, a agência de proteção de fronteiras da União Europeia (UE).

Uma fonte do Ministério das Migrações da Grécia disse à agência de notícias AFP que, de acordo com a guarda costeira, poderia haver “centenas” de pessoas a bordo do barco. “Tememos que haja um número muito grande de pessoas desaparecidas”, disse o funcionário.

A Organização Internacional para as Migrações estimou que “até 400” pessoas poderiam estar a bordo. “Tememos que mais vidas tenham sido perdidas”, escreveu a entidade no Twitter.

As autoridades disseram que o barco foi avistado pela primeira vez em águas internacionais no início da noite de terça-feira por uma aeronave da Frontex e dois navios que passavam pelo local. A guarda costeira grega disse que as pessoas a bordo não usavam coletes salva-vidas, e inicialmente “recusaram qualquer ajuda” após terem sido contatadas pela primeira vez, antes de a embarcação naufragar.

Qual é o contexto da tragédia?

A Grécia é uma das principais rotas usadas por refugiados e migrantes do Oriente Médio, Ásia e África que desejam chegar à UE.

Cerca de 72 mil refugiados e migrantes chegaram neste ano a Itália, Espanha, Grécia, Malta e Chipre, de acordo com dados das Nações Unidas, sendo que a maioria desembarcou na Itália.

Os contrabandistas de pessoas que atuam no Mediterrâneo estão cada vez mais usando barcos maiores em águas internacionais próximas da Grécia, para tentar evitar as patrulhas da guarda costeira local. No domingo, 90 migrantes foram resgatados na área depois de terem enviado um pedido de socorro.

Em outro incidente nesta quarta-feira, um barco com 81 migrantes a bordo foi rebocado para a costa sul da ilha grega de Creta depois que as autoridades receberam um pedido de socorro.

Do outro lado do Mediterrâneo, as autoridades líbias lançaram uma repressão ao contrabando de migrantes no início do mês, e ativistas relataram que milhares de migrantes, incluindo egípcios, sírios, sudaneses e paquistaneses, foram detidos. Muitos egípcios teriam sido deportados de volta para seu país de origem por meio de um ponto de passagem terrestre.

bl/ek (AFP, Reuters)