15/08/2025 - 15:03
A batata está longe de ser um alimento recente, tendo surgido há cerca de 10 mil anos. Porém, a versão moderna, da forma que conhecemos, demorou a ser formada e possui um passado relacionado a outro alimento: o tomate.
Pesquisadores analisaram 450 genomas de espécies de batata cultivadas e selvagens, e os genes revelaram que um ancestral antigo de uma planta de tomate selvagem cruzou naturalmente com uma planta semelhante à batata chamada Etuberosum há 9 milhões de anos. Pode ser até que eles tenham cruzado entre si, já que ambas as plantas originalmente se separaram de uma planta ancestral comum há cerca de 14 milhões de anos, de acordo com um estudo publicado na quinta-feira no periódico Cell.
Mesmo que nenhuma das duas plantas tivesse a capacidade de gerar tubérculos – parte da batata que reconhecemos como comestível – a “filha” do cruzamento o fez. Eles também identificaram quais genes foram dados por cada planta para criar tubérculos.
“A evolução de um tubérculo proporcionou às batatas uma enorme vantagem em ambientes hostis, impulsionando uma explosão de novas espécies e contribuindo para a rica diversidade de batatas que vemos e das quais dependemos hoje”, afirmou em um comunicado o principal autor do estudo, Sanwen Huang, presidente da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas Tropicais.
Batatas, tomates e Etuberosum são do gênero Solanum, que inclui cerca de 1.500 espécies. À primeira vista, plantas de batata parecem quase iguais ao Etuberosum, o que levantou a hipótese de que as duas seriam irmãs.
Os estudos ainda revelaram uma mudança que parecia mostrar que as batatas eram mais geneticamente relacionadas aos tomates. A equipe usou análises filogenéticas – processo parecido aos testes genéticos em seres humanos – para determinar as ligações entre as plantas.
A análise apontou uma contradição: as batatas podem ser irmãs dos Etuberosums ou dos tomates, dependendo de diferentes marcadores genéticos.
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Condições geológicas podem ter influenciado relação entre as plantas
O ancestral comum de 14 milhões de anos dos tomates e dos Etuberosums não existe mais e estão perdidos nas brumas do tempo geológico. Uma vez impossibilitados de utilizar uma espécime original, os pesquisadores buscaram marcadores genéticos nas plantas para determinar suas origens.
“O que usamos é um sinal que veio do passado, que ainda está nas plantas que temos hoje, para tentar reconstruir o passado”, disse Dra. Sandy Knapp, coautora do estudo à CNN.
Compilando um banco de dados de batatas, com observação de exemplares de museus e até mesmo a recuperação de dados de batatas selvagens raras, pesquisadores descobriram que a primeira batata – e todas as espécies subsequentes – incluíam uma combinação de material genético derivado de Etuberosums e tomates.
Mudanças climáticas ou geológicas possivelmente fizeram com que um antigo Etuberosum e um ancestral do tomate coexistissem no mesmo lugar. Já que ambas as espécies são polinizadas por abelhas, é provável que o inseto tenha transportado pólen entre as duas plantas e levado à criação da batata.
Entender a história da origem da batata pode ser importante para inovar os processos relacionados ao alimento. Reintroduzir genes-chave do tomate pode levar a batatas de reprodução rápida reproduzidas por sementes, uma inovação da ciência alimentar moderna.