03/02/2025 - 12:33
Belém do Pará está se tornando um dos lugares mais quentes do mundo. Segundo estudo, será a segunda cidade com temperatura mais elevada até 2050.
Vai ter cerca de 222 dias anuais de calor extremo – uma ameaça real para a saúde humana. Em comparação, no início dos anos 2000, a capital paraense tinha cerca de 50 dias assim.
“Os efeitos das mudanças, já estão acontecendo há sete, oito anos, mas se intensificaram nos dois últimos anos. 2023 e 2024 foram os anos mais quentes”, afirma Marlucia Martins, pesquisadora do Museu Emílio Goeldi.
“Para cenários mais futuros, como 2050, além de aumento das temperaturas e número de dias com ondas de calor, também se está prevendo reduções na precipitação na região leste da Amazônia. Claro, isso não impede que ainda (…) possamos ter dias com muita chuva, aquela que produz inundações”, diz José Marengo, coordenador de pesquisas do Cemaden.
A verdade é que Belém ainda é pouco resiliente – principalmente nas suas periferias.
“É o que a gente fala de injustiça ambiental. Temos uma população que é vulnerável economicamente. E que também está mais exposta a esses eventos climáticos extremos: formação de ilhas de calor, principalmente na região periférica, com baixo índice de cobertura vegetal por habitante. Além disso, a gente tem também frequentemente alagamentos”, explica Rodrigo Rafael, coordenador do curso de Geografia da UEPA.
Belém está tentando evitar o seu destino infernal – pior do que o que a população já está vivendo na pele. A capital paraense passa por uma série de obras para melhorar a sua infraestrutura. Boa parte delas acontece em preparação para a Conferência do Clima da ONU – a COP30, que Belém vai sediar em novembro.
A sociedade civil também está engajada por uma mudança. Encontros como este são frequentes para discutir medidas para a cidade e já resultaram na criação do Fórum Climático de Belém. Diante de tantos desafios na cidade que se prepara para promover a COP30 e luta contra o seu destino climático, o que esperar do futuro?
“Não há saída para Belém sem uma solução internacional. Os efeitos climáticos são globais. Atmosfera não tem território. Você define território na Terra, na atmosfera não”, acrescenta Marlucia Martins.