Amazon declarou que não vai exibir ao lado dos produtos à venda em seu site as tarifas adicionais decorrentes da guerra tarifária de Donald Trump, que acabou chamando Jeff Bezos de “simpático”.A Amazon anunciou que não planeja exibir custos tarifários adicionais ao lado dos preços dos produtos em seu site – como sugeria um relatório da empresa –após um breve desentendimento com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A notícia que passou a circular de que a gigante do comércio eletrônico planejava exibir esses custos, como forma de pressão contra as tarifas impostas pelos EUA para muitos dos seus parceiros comerciais, incomodou a Casa Branca.

A porta-voz do governo, Karoline Leavitt, chamou na terça-feira (29/04) o plano de “hostil e político” e chegou a sugerir que a Amazon havia feito uma “parceria com um braço de propaganda chinês”.

No mesmo dia, o porta-voz da Amazon, Tim Doyle, assegurou que a medida “nunca foi aprovada e não vai acontecer”.

Segundo ele, a ideia de listar as taxas de importação de alguns produtos foi considerada pela equipe que administra a loja de baixo custo da Amazon, chamada Amazon Haul. A varejista online adquire muitos produtos da China, agora sujeitas a tarifas de 145% pelo governo americano.

Mais tarde, Trump elogiou o fundador e presidente executivo da Amazon, Jeff Bezos, a segunda pessoa mais rica do mundo. Trump confirmou ter conversado com Bezos, dizendo que ele foi “muito simpático”.

“Ele foi fantástico. Ele resolveu um problema muito rapidamente e fez a coisa certa. Ele é um bom sujeito”, disse Trump.

Jogando o jogo

Empresas concorrentes da Amazon, como as chinesas Temu e Shein, já têm sinalizado claramente o peso dos custos das tarifas americanas em seus sites.

Segundo a Temu, as “taxas de importação” adicionais dobraram os preços de muitos itens. Os que já estavam nos estoques locais estão isentos.

A Shein, agora com sede em Cingapura, agora tem um banner de checkout que diz: “As tarifas estão incluídas no preço que você paga. Você nunca terá que pagar a mais na entrega”.

Essa política empresarial de “redirecionar” a frutração dos consumidores tem acendido um alerta na Casa Branca, o que pode ser percebido na resposta rápida e dura à especulação em torno da Amazon, afirma Rob Lalka, professor de negócios da Freeman School da Universidade de Tulane.

Ele observa que as tarifas de Trump acertam em cheio empresas como a Amazon — e essas companhias podem ter que “jogar o jogo” também, enquanto tentam manter a transparência com seus clientes.

Muitos CEOs de diversos setores divulgaram projeções mais fracas devido às novas tarifas de importação — até o PIB do país apresentou uma retração no primeiro trimestre como consequência da atual ofensiva protecionista.

Discutindo a relação

Durante o primeiro mandato de Trump, o presidente atacava Bezos constantemente e criticava suas empresas. Mas a relação mudou durante o segundo mandato.

Bezos foi, inclusive, um dos bilionários da tecnologia entre o seleto público que compareceu à posse de Trump em janeiro – ao lado de Mark Zuckerberg (dono da Meta), Elon Musk (Tesla), Sundar Pichai (Alphabet/Google) e Tim Cook (Apple)​.

A Amazon também contribuiu com 1 milhão de dólares (R$ 5,7 milhões) para o fundo de posse de Trump.

E em uma entrevista em fevereiro à revista política britânica The Spectator, Trump disse que costumava ser “inimigo ferrenho” de Bezos e de outros empresários do setor de tecnologia, mas que havia mudado de opinião desde então.

Na última eleição, Bezos definiu que o Washington Post, do qual é proprietário, não endossaria um candidato pela primeira vez em 36 anos.

Segundo informações, o conselho editorial do jornal decidiu apoiar a candidata democrata e ex-vice-presidente Kamala Harris.

sf (AP, AFP, ots)