10/02/2023 - 20:04
Na Casa Branca, líderes do Brasil e dos EUA se unem contra ameaças à democracia nos dois países e avançam conversas sobre parceria para combater mudanças climáticas.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido nesta sexta-feira (10/02) por seu homólogo americano Joe Biden, na Casa Branca, em Washington.
Os dois líderes tiveram uma conversa reservada e, mais tarde, participam de uma reunião que incluiu membros de seus gabinetes.
Na comitiva de Lula na Casa Branca Lula estavam os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Anielle Franco (Igualdade Racial), além do assessor especial Celso Amorim e do secretário Marcio Elias Rosa.
Do lado americano estavam presentes o secretário de Estado, Antony Blinken, do Tesouro, Janet Yellen, além do enviado especial para o clima, John Kerry, e do conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan.
Liderancas do Partido Democrata
Horas antes, Lula se reuniu com o senador democrata americano Bernie Sanders na Blair House, residência próxima à Casa Branca reservada para chefes de Estado em visita a Washington.
Sanders, um dos principais líderes da esquerda americana, acompanhou de perto as eleições presidenciais brasileiras. No ano passado, o Senado aprovou uma resolução de sua autoria que instava a Casa Branca a romper relações diplomáticas com o Brasil em caso de golpe de Estado.
O senador alertou para o que chamou de “ameaça massiva de extremistas da direita que tentam minar a democracia”. Ele disse que conversou com Lula sobre a “necessidade de fortalecer os fundamentos democráticos não apenas no Brasil ou nos EUA, mas em todo o mundo”.
Lula também recebeu um grupo de parlamentares do Partido Democrata que incluía os progressistas Alexandra Ocasio-Cortez, Pramila Jayapal, Sheila Jackson Lee, Brad Sherman e Ro Khanna.
Os democratas nos EUA observam atentamente as questões em torno da preservação da democracia no Brasil, principalmente após os ataques de 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores do ex-presidente Donald Trump invadiram e depredaram a sede do Congresso americano.
As semelhanças entre a invasão do Capitólio em Washington e os atos golpistas que culminaram nos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília geraram novos alarmes entre os progressistas americanos.
Na última quarta-feira, os deputados David Cicilline, Gregory Meeks e Joaquin Castro, todos do Partido Democrata, propuseram uma resolução na Câmara dos Representantes para condenar os ataques golpistas no Brasil e pedir que as autoridades americanas colaborem para responsabilizar pessoas vinculadas a esses atos que estiverem nos EUA.
Na semana passada, o Senado aprovou outra resolução apresentara pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, Bob Menendez, que pede que o Departamento de Justiça dos EUA responsabilize “quaisquer atores baseados na Flórida que possam ter financiado ou apoiado os crimes violentos”.
Em 11 de janeiro, um grupo de congressistas pediu a abertura de uma investigação do FBI sobre os apoiadores dos atos golpistas em solo americano.
Lula também recebeu na Blair House representantes da maior entidade sindical dos EUA, a Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO).
Entrevista à CNN
Nesta sexta, em Washington, Lula concedeu uma entrevista para a jornalista britânico-iraniana Christiane Amanpour, da CNN, onde falou sobre as semelhanças entre o golpismo de direita nos EUA e no Brasil e lançou críticas ao seu antecessor no cargo.
Lula disse que Bolsonaro seria uma “cópia fiel” do ex-presidente americano, Donald Trump, uma vez que, segundo afirmou, ambos “não gostam de sindicatos, não gostam do setor empresarial, não gostam de trabalhadores, não gostam de mulheres, não gostam de negros”.
Lula afirmou que não há chances de Bolsonaro voltar à presidência do Brasil. Ele, porém, descartou conversar com Biden sobre uma possível extradição de Bolsonaro, e disse que “isso vai depender da Justiça brasileira”. “Eu quero para ele a presunção de inocência que eu não tive”, disse Lula, em referência aos processos judiciais que resultaram na sua prisão, em 2018.
O presidente declarou que as eleições em várias partes do mundo deixam clara a ameaça da extrema-direita, e citou como exemplos os casos recentes na Alemanha, França e também nos Estados Unidos.
“Aqui também há uma divisão, muito mais ou tão séria quanto a do Brasil; democratas e republicanos estão muito divididos. 'Ame ou deixe-o', é mais ou menos isso que está acontecendo”, disse Lula.
“Nunca poderíamos imaginar que em um país que era o símbolo da democracia no mundo alguém pudesse tentar invadir o Capitólio”, disse Lula sobre os atos golpistas que tentaram impedir a derrota de Trump para Biden nas eleições americanas.
rc (ots)
