23/11/2025 - 12:19
Sites maliciosos, links fraudulentos, ofertas falsas e até mesmo golpes que usam inteligência artificial. A Black Friday exige atenção redobrada dos consumidores. Veja como desviar dos golpes.A Black Friday, um dos períodos mais aguardados do comércio eletrônico, também se transformou em um terreno fértil para criminosos que atuam no campo digital. Com o avanço da inteligência artificial (IA), os golpes vêm se tornando cada vez mais sofisticados e difíceis de detectar.
Os fraudadores não se limitam a criar sites falsos ou ofertas atraentes para fazer vítimas, eles também passaram a utilizar ferramentas de IA para criar vozes, rostos e até vídeos que parecem reais, em uma nova modalidade de golpes que exigem atenção redobrada dos consumidores.
Dados do Serasa Experian apontam que na Black Friday de 2024 foram registradas 333 tentativas de fraudes por hora no Brasil.
Listamos como alguns desses golpes são aplicados e como não cair neles na Black Friday de 2025, que vai ocorrer na semana de 28 de novembro:
Deepfakes
Um dos golpes mais preocupantes, segundo especialistas ouvidos pela DW, envolvem a utilização de deepfakes, ou seja, vídeos ou áudios manipulados por inteligência artificial que imitam pessoas famosas ou até mesmo funcionários de empresas.
Durante a temporada de promoções, é comum que golpistas usem esse tipo de tecnologia para enviar mensagens de áudio ou vídeos falsos se passando por outras pessoas anunciando supostas “ofertas exclusivas” ou produtos com descontos imperdíveis.
O consumidor, confiando na imagem, acaba clicando em links fraudulentos, fornecendo dados pessoais e até mesmo realizando pagamentos.
Prestar atenção no movimento dos olhos, das mãos e analisar se a pessoa está com “aparência plastificada” e fala robotizada ou com pausas pode ajudar a identificar se aquele vídeo é produzido com auxílio de inteligência artificial.
“Muita gente já caiu nisso nos últimos anos, as ferramentas melhoraram muito e talvez o grande tema da evolução da IA em 2025 tenha sido o avanço em vídeo, ou seja, exatamente nessa área. A minha recomendação, além dessa desconfiança, é ficar de olho nos canais oficiais dessas pessoas ou lojas, porque caso esse artista, famoso ou influencer, esteja fazendo parte daquela campanha existe uma grande chance de que apareça também nas suas redes sociais”, explica Arthur Igreja, especialista em Tecnologia e Inovação.
Sites falsos
Apesar de não ser um golpe novo, ainda é comum que criminosos criem sites falsos idênticos aos de grandes varejistas, com logotipos e endereços visuais quase indistinguíveis.
O consumidor, atraído por preços abaixo do mercado, acaba comprando nesses sites e nunca recebe o produto. Ou ainda digita os dados do cartão de crédito em uma página falsa e assim tem os dados roubados e compras feitas de maneira indevida.
Para evitar isso, o primeiro passo é verificar o endereço eletrônico: sites seguros sempre começam com “https://” e apresentam o ícone de cadeado ao lado da barra de navegação, indicando que ele é seguro.
É importante também confirmar se a loja possui CNPJ e canais de contato válidos. Outro sinal de alerta é erros de ortografia ou imagens de baixa qualidade, essas características são indícios de páginas clonadas ou montadas às pressas.
“Verifique a procedência e o domínio do site, se não souber qual é o verdadeiro busque no Google. Também olhe a reputação da loja nas avaliações do Google e no site Reclame Aqui. Sempre desconfie de preços muito fora do normal, as verdadeiras promoções dificilmente chegam a mais de 30% de desconto do preço praticado anteriormente” explica Alberto Guerra, especialista em Black Friday e autor do livro Black Friday no Brasil.
Anúncios em redes sociais e marketplaces
Promoções em redes sociais ou aplicativos de mensagens como Instagram, Facebook e WhatsApp, com produtos muito abaixo do preço de mercado, quase sempre são golpes.
Por isso, sempre desconfie dos anúncios, principalmente se a única forma de pagamento possível for por meio de Pix.
“Golpistas se passam por vendedores de plataformas conhecidas e pedem pagamento fora do sistema oficial da loja. Sempre finalize a compra dentro da plataforma”, diz Fábio Diniz, presidente do Instituto Nacional de Combate ao Cibercrime (INCC).
Roubo de dados do cartão de crédito ou débito
Antes de fazer uma compra online é importante que os dispositivos como computadores e celulares estejam atualizados e protegidos com antivírus confiáveis.
Não é aconselhável realizar transações financeiras em redes wi-fi públicas, como as de shoppings, cafés ou aeroportos, que podem ser facilmente interceptadas por criminosos.
Criar senhas fortes e únicas para cada serviço, além de ativar a autenticação de dois fatores, são medidas que também ajudam a reduzir o risco de invasão ou roubo de dados.
Os especialistas ouvidos pela reportagem também indicam usar cartões de crédito virtuais, oferecidos por diversos bancos e aplicativos, que geram um número temporário para cada compra. Essa é uma forma eficiente de proteger os dados do cartão principal.
“Mesmo em sites confiáveis, não salve seu cartão para futuras compras. Use carteiras virtuais como Apple Pay, Google Pay, Mercado Pago ou cartão virtual temporário do seu banco”, acrescenta Diniz.
Além disso, sempre confira a fatura do cartão e cheque o que foi cobrado. Também habilite junto ao banco a notificação por SMS sempre que houver uma compra, assim caso o cartão seja usado por criminosos, você é alertado e pode conter os danos o mais rápido possível.
Falsas promoções
Outro tipo de fraude menos óbvia, mas igualmente prejudicial ao consumidor são as “promoções falsas”. São ofertas que prometem bons descontos, mas que na prática não passam de maquiagem de preço.
Essa prática, embora questionável, ainda ocorre com frequência, principalmente em datas como a Black Friday. Por isso, é essencial que o consumidor compare valores com antecedência e consulte o histórico de preços de um produto antes de tomar uma decisão de compra.
Para escapar dessa armadilha, o ideal é acompanhar o preço do produto desejado nas semanas que antecedem a data ou se isso não foi possível, existem plataformas e extensões de navegador que registram o histórico de preços e mostram se o valor anunciado realmente está mais baixo.
“Sites como Buscapé e Zoom costumam apresentar o histórico do produto desde a data de lançamento, com isso é possível ver qual foi o preço mais baixo já vendido, tendo a variação geralmente entre 10% e 30%”, acrescenta Guerra.
Comparar diferentes lojas e observar o custo total da compra, incluindo frete e prazo de entrega, também é essencial. Um produto mais barato pode sair caro se vier acompanhado de taxas.
Além disso, é importante ficar atento às estratégias de marketing que induzem o impulso de consumo. Termos como “últimas unidades”, “oferta imperdível” ou “só hoje” criam uma sensação de urgência que pode levar o consumidor a agir sem planejamento.
Fui vítima de fraude, o que fazer?
Mesmo com todo o cuidado, é possível cair em uma fraude. Nesse caso, agir rápido faz a diferença.
O consumidor deve reunir todas as provas possíveis como prints de telas, e-mails, comprovantes de pagamento e endereço do site e entrar em contato com o banco ou a operadora do cartão para tentar bloquear a transação ou solicitar o estorno.
Também é importante registrar um boletim de ocorrência, que pode ser feito de maneira online no site da Polícia Civil ou indo até a delegacia mais próxima.
Muitos bancos devolvem o valor perdido no golpe, mas para isso é necessário comprovar a fraude através desses documentos.
Como economizar de verdade na Black Friday
O planejamento é a grande chave para economizar nesta Black Friday, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem e conforme recomendação do Procon.
É importante listar os itens que você deseja comprar e qual o orçamento máximo para isso. Inclua no orçamento possíveis custos com frete, taxas ou juros em compras parceladas.
Feito isso, é hora de acompanhar os preços ou usar plataformas que os monitoram para saber se o item realmente está sendo oferecido por um preço mais baixo do que o habitual.
Nesse período muitos sites e marcas oferecem cupons de descontos, cashback ou entregas com fretes grátis para atrair os consumidores. Fique de olho nas lojas que estão oferecendo essas vantagens, pois elas podem fazer uma boa diferença no valor final da compra.
Também fique atento a combinações de kits e promoções com descontos progressivos, que oferecem abatimentos maiores ao adquirir mais de um item.
No caso de equipamentos eletrônicos, uma dica é considerar modelos de gerações anteriores, que muitas vezes apresentam desempenho semelhante e reduções significativas no valor.
