18/04/2025 - 9:09
Mais de 50 morrem em ataque a terminal no Mar Vermelho, que seria usado pelos houthis para comércio de petróleo. Governo Trump iniciou em março série de ataques contra os rebeldes apoiados pelo Irã.Pelo menos 58 pessoas morreram e 126 ficaram feridas no bombardeio lançado nesta quinta-feira (17/04) pelos Estados Unidos contra o porto petrolífero de Ras Issa, no Mar Vermelho, segundo informaram veículos de comunicação ligados aos houthis iemenitas.
A emissora de televisão Al Masirah, porta-voz dos houthis, elevou nesta sexta-feira para 58 o total de mortos e situou em 126 o número de feridos neste ataque, citando dados do Departamento de Saúde de Hudaydah.
O Comando Central dos EUA (Centcom) disse em um comunicado que destruiu o porto de combustíveis de Ras Issa, controlado pelos insurgentes, que são acusados de se beneficiar econômica e militarmente dessas instalações para vender combustível e financiar suas operações.
O porto, juntamente com Al Hudaydah e Salif, recebe cerca de 70% de todas as importações e 80% da ajuda humanitária que entra no Iêmen, de acordo com a ONU, enquanto os EUA e outros países afirmam que ele é usado pelos houthis para importar e exportar petróleo ilegalmente.
“Os lucros dessas vendas ilegais financiam e sustentam diretamente as atividades terroristas dos houthis, apoiados pelo Irã”, disse o Centcom, acrescentando que “as forças dos EUA tomaram medidas para eliminar essa fonte de combustível” para os insurgentes “e privá-los das receitas ilegais que financiaram seus esforços para aterrorizar toda a região por mais de uma década”.
“Violação da soberania do Iêmen”
Os houthis, por sua vez, acusaram os EUA de cometer um “crime de guerra” ao bombardear o porto de Ras Issa.
“Esta agressão completamente injustificada representa uma violação flagrante da soberania e independência do Iêmen e um ataque direto a todo o povo iemenita”, disseram os rebeldes em um comunicado.
“O ataque tem como alvo uma instalação civil vital que serve o povo iemenita há décadas, a fim de impedi-lo de receber suprimentos essenciais e puni-lo por sua posição justa e equitativa em apoio ao povo palestino oprimido”, acrescentaram os insurgentes.
Os houthis reiteraram que o ataque a essa infraestrutura é “um crime de guerra em sua essência, visto que o porto é uma instalação civil, não militar, que atende a todos os iemenitas e não é domínio exclusivo de nenhum grupo específico”.
O Irã, que apoia os Houthis, criticou o ataque como “bárbaro”, acusando o bombardeio de ser uma “clara violação dos princípios básicos das Nações Unidas”, de acordo com um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em Teerã.
Por sua vez, o ministro da Informação do governo internacionalmente reconhecido do Iêmen, Muammar al Eryani, culpou os houthis pelo ataque por “terem transformado esta instalação vital de uma saída econômica a serviço dos iemenitas em um centro de contrabando de armas e combustível iranianos e uma fonte de financiamento para suas atividades terroristas” durante dez anos.
No último dia 15 de março, sob a direção do presidente Donald Trump, os Estados Unidos lançaram uma intensa campanha de bombardeios contra posições dos houthis no Iêmen, com o objetivo de minar as capacidades militares dos rebeldes e impedir seus seguidos ataques à navegação comercial no Mar Vermelho.
“Aniquilação total”
Trump, ameaçou os Houthis com aniquilação “total”. Desde então, as forças dos EUA têm disparado contra áreas no Iêmen controladas pela milícia quase que diariamente.
Os insurgentes responderam com ataques contra navios de guerra americanos e embarcações israelenses, enquanto denunciam que cerca de 100 pessoas já foram mortas pelos novos bombardeios americanos.
Ao lado do Hamas, que governa a Faixa de Gaza, e do Hezbollah no Líbano, os houthis fazem parte do “Eixo da Resistência” liderado pelo Irã e dirigido contra Israel e os EUA. Seu objetivo declarado é a destruição de Israel.
O Hamas desencadeou a guerra na Faixa de Gaza com seu ataque sem precedentes a Israel em 7 de outubro de 2023. Em seguida, os houthis lançaram ataques regulares com foguetes contra Israel.
Desde o início da guerra de Gaza, eles também atacaram repetidamente navios no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, bem como alvos em Israel com drones e mísseis – de acordo com suas próprias declarações “em solidariedade aos palestinos” na Faixa de Gaza.
md (EFE, DPA)