27/01/2019 - 20:04
Por Alan Rodrigues, da revista ISTOÉ – de Brumadinho, MG
A manhã do domingo, 26, começou tensa. Às 5h30, a sirene que alerta para eventual rompimento de barragens do complexo de Brumadinho soou com força. Desde o dia anterior, bombeiros já alertavam para o risco da única barragem, essa de água, que ficou de pé no complexo corria o risco de estourar. Com alarde, três mil pessoas começaram a serem desalojadas de suas casas, em correria para os pontos mais altos da cidade. Um corre-corre alucinado, com carros policiais circulando com sirenes ligadas, buzinas em disparada e muita tensão.
O risco do rompimento da barragem fez com que o próprio corpo de bombeiros interrompesse a busca dos corpos das vítimas do desastre. Em disparada, os helicópteros começaram uma ação de resgate dos seus próprios homens, espalhados pelo mar de lama. A cena era de arrepiar de medo.
As equipes de voluntários que, sem seguir as ordens de abandonar a área, se lançaram a buscas, ainda muito cedo, para salvar os animais que estavam desde sexta-feira presos ao lamaçal. Dava muito dó. Depois de muita resistência, os protetores dos animais obedeceram a polícia e também se retiraram da lama e buscaram um lugar mais seguro.
Às 15h, depois de milhares de litros de água terem sido jogados para fora da represa – estima-se 37 horas para esvaziar o reservatório -, a situação se normalizou. No mesmo horário, dezenas de bombeiros embarcaram nos helicópteros e retornaram à retirada dos corpos. Espera-se ainda para a noite de domingo a chegada dos soldados israelenses e seus sofisticados equipamentos, que conseguem mapear com mais precisão os corpos soterrados pelo tsunami de lama.
Dois dias após a tragédia do rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho (MG), a tristeza, a angustia e a indignação ainda tomam conta do município mineiro. Na avaliação das Forças Integradas de Segurança, cerca de 25 mil pessoas foram atingidos pela lama que jorrou por cerca de 10km desde a Mina Córrego de Feijão até o centro de Brumadinho.