28/06/2019 - 19:26
Pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, estão fazendo uma série de experimentos para “aprimorar” plantas domésticas, munindo-as de dispositivos biônicos que lhes permitem sentir movimentos, impulsionar veículos robóticos e responder ao clique de um mouse, informa o site NBC News. Segundo os pesquisadores, a “botânica ciborgue” poderá produzir plantas que vigiam nossas casas, nos conectam com amigos distantes e nos enviam notificações sem a sobrecarga sensorial de uma tela de computador.
“As plantas são como os melhores (aparelhos) eletrônicos que poderíamos ter”, disse o líder da equipe Harpreet Sareen, um pesquisador associado do MIT e professor de mídia e design de interação na Parsons School of Design, em Nova York. “Nosso objetivo é olhar para a natureza e convergir com ela, tocar nela e pegar carona nela.”
Sareen e seus colegas apresentaram duas plantas com tecnologia ainda rudimentar em uma recente conferência de computadores em Glasgow, na Escócia. Uma delas era uma dioneia (planta carnívora também conhecida como apanha-moscas) cheia de eletrodos que podia ser controlada a partir de um computador – ao se clicar em uma parte específica da planta no aplicativo, a folha correspondente se fechava. A outra era uma planta cultivada com um pequeno fio dentro, que a fazia funcionar como uma espécie de antena detectora de movimento.
O primeiro projeto de botânica ciborgue de Sareen, que antecedeu essas duas amostras, foi uma planta cuja inclinação natural para crescer em direção à luz era usada para impulsionar um pequeno robô equipado com rodas. Ao se ligar uma lâmpada próxima, a planta impulsionava o robozinho a rodar em direção à luz.
Um vídeo exibido na conferência mostra outras possíveis utilidades da botânica ciborgue. Nele aparece uma roseira sensível ao movimento que funciona como um tipo de mouse ótico sem toque, traduzindo gestos de mão em ações em um computador. Outra roseira surge no vídeo como uma espécie de sentinela de estimação, sentindo quando um gato escapa por uma porta e enviando um alerta para o computador de seu dono para que o fugitivo possa ser resgatado.
Em mais um exemplo, duas samambaias ajudam os casais a se sentirem conectados, mesmo se estiverem separados: quando um dos parceiros gentilmente cutuca sua samambaia, a samambaia de seu parceiro se sacode, como se quisesse dizer “olá”.
Para Sareen, essas “notificações suaves” – alertas discretos que nos informam sobre as coisas que acontecem ao nosso redor – não precisam de sons intrusivos ou telas com imagens ultrachamativas de computadores e smartphones . “Todas essas coisas são pequenas, mas na verdade são como fazemos as coisas na natureza”, afirma o pesquisador. “Não temos que fazê-las na frente de uma tela.”
Sareen afirmou que ainda não tem planos para comercializar a tecnologia que ele e sua equipe começaram a desenvolver. Mas o campo parece sem dúvida promissor.