26/08/2025 - 16:48
País africano declara emergência nacional em meio a uma grave escassez de medicamentos após cortes de ajuda dos EUA e queda de arrecadação ligada à crise no mercado mundial de diamantes, motor da economia de Botsuana.O governo de Botsuana declarou estado de emergência sanitária nacional após o colapso de sua cadeia de suprimentos médicos, anunciou o presidente Duma Boko nesta segunda-feira (25/08). A crise sanitária se agravou no país com os cortes no envio de ajuda médica por parte dos Estados Unidos após o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
Muitos hospitais em todo o país estão com falta de medicamentos essenciais, afirmou Boko em pronunciamento televisionado, acrescentando que o Ministério das Finanças aprovou um orçamento de emergência de 250 milhões de pulas (R$ 101 milhões) para enfrentar a crise.
O presidente ínformou que o Exército supervisionará a distribuição de medicamentos de emergência, com os primeiros carregamentos saindo da capital, Gaborone, imediatamente e priorizando as áreas rurais carentes. Desde o início do mês, o Ministério da Saúde instruiu os hospitais a adiarem as cirurgias não essenciais devido à escassez.
Botsuana está entre os vários países africanos afetados pelos recentes cortes do governo dos EUA na ajuda ao desenvolvimento no setor de saúde.
Boko afirmou que o preço pelo qual o governo adquire suprimentos médicos estava inflacionado entre cinco a dez vezes, e que os sistemas de distribuição existentes estavam causando perdas, desperdícios e danos. “Nas atuais condições econômicas, esse cenário não é sustentável”, advertiu.
Crise no mercado de diamantes
No início do mês o Ministério da Saúde de Botsuana afirmou que devia 1 bilhão de pulas a instalações e fornecedores de saúde privados.
Medicamentos para hipertensão, câncer, diabetes, tuberculose, problemas oculares, asma, saúde sexual e reprodutiva e problemas de saúde mental estavam acabando, afirmou Boko. Também há escassez de curativos e suturas.
A crise também está ligada à redução do orçamento nacional causada pela atual crise no mercado global de diamantes. A nação no sul da África, com população de 2,5 milhões, ocupa a segunda posição entre os maiores produtores de diamantes do mundo, atrás apenas da Rússia. Os impostos coletados com a venda de diamantes alimentam 30% do orçamento do país e são responsáveis por mais de 70% das exportações.
O setor de enfrenta uma crise impulsionada pela crescente popularidade dos diamantes produzidos em laboratório, que derrubaram o preço das pedras no mundo. Também contribuem para a crise a desaceleração global do mercado de bens de luxo, especialmente na China, e as tarifas impostas pelos EUA.
(DPA, Reuters)