O lançamento da primeira missão espacial comercial no Brasil foi adiado por questões técnicas. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), o voo que estava previsto para ocorrer na tarde deste quarta-feira, 17, foi remarcado para sexta-feira, 19, às 15h34. A missão Spaceward ocorre em parceria com a empresa sul-coreana Innospace e será realizada a partir do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, em cooperação com a AEB (Agência Espacial Brasileira).

Na segunda-feira, 15, o foguete HANBIT-Nano foi deslocado até a plataforma de lançamento, localizada em Alcântara, a cerca de 20 quilômetros de São Luís. Durante a preparação para o voo houve a verticalização do veículo, a conexão dos sistemas de abastecimento, testes elétricos e de transmissão de dados, além da checagem de válvulas e protocolos de segurança.

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A janela de lançamento se estende até o dia 22 de dezembro e poderá sofrer ajustes em caso de interferências técnicas ou climáticas.

Se a missão for bem-sucedida, a Innospace se tornará a primeira empresa privada da Coreia do Sul a colocar satélites de clientes em órbita terrestre baixa (LEO), a cerca de 300 quilômetros de altitude, um feito que também reposiciona o Brasil no cenário internacional de lançamentos espaciais.

Como será o lançamento

Com 21,9 metros de altura, o equivalente a um prédio de sete andares, 20 toneladas e 1,4 metro de diâmetro, o HANBIT-Nano foi projetado para atingir velocidades de até 30 mil quilômetros por hora, cerca de 30 vezes mais rápido do que um avião comercial. O trajeto até a órbita deve durar aproximadamente três minutos.

O lançamento ocorrerá em dois estágios e poderá ser observado a olho nu em Alcântara e em áreas de São Luís. Ao todo, cerca de 500 profissionais, entre civis e militares, participarão da operação.

Esta é a primeira tentativa de lançamento orbital a partir de Alcântara desde o acidente com o VLS (Veículo Lançador de Satélites), em 2003, que deixou 21 mortos. Desde então, o país realizou apenas lançamentos suborbitais, voos em que os foguetes sobem e retornam à Terra sem entrar em órbita. Inicialmente previsto para novembro, o lançamento foi adiado e reagendado para a segunda quinzena de dezembro.

O que será levado ao espaço

O foguete transportará oito cargas úteis: cinco satélites e três dispositivos experimentais desenvolvidos por instituições do Brasil e da Índia. Os equipamentos serão utilizados em áreas como monitoramento ambiental, testes de comunicação em órbita, navegação e estudo de fenômenos solares.

Entre os destaques está o satélite Jussara-K, desenvolvido pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão), voltado à coleta de dados ambientais em regiões de difícil acesso. Já os satélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), serão usados para validar sistemas de comunicação em órbita.

A missão também carrega o PION-BR2 – Cientistas de Alcântara, projeto educativo que levará ao espaço mensagens produzidas por estudantes da rede pública local. Irão ser conduzidos também o SNI-GNSS, sistema capaz de medir com precisão velocidade, posição e altitude e o Solaras-S2, dedicado ao monitoramento de fenômenos solares que podem afetar sistemas tecnológicos na Terra.

Para o fundador e CEO da Innospace, Soojong Kim, a missão tem um peso simbólico que vai além do lançamento. “Como toda a nossa equipe se dedicou a cada etapa, do desenvolvimento às operações do HANBIT-Nano, cumpriremos nossas responsabilidades com o máximo comprometimento até os momentos finais da contagem regressiva para o lançamento”, afirmou.