01/03/2024 - 7:21
País tem 214 mortes confirmadas pela doença no ano e outras 687 em investigação. Distrito Federal lidera em taxa de incidência e Minas Gerais, em número de casos. Ministério da Saúde promove ação preventiva neste sábado.O Brasil ultrapassou a marca de 1 milhão de casos prováveis de dengue registrados em 2024, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados na quinta-feira (29/02). No total, são 1.017.278 casos prováveis, com 214 mortes confirmadas pela doença. Outros 687 óbitos estão em investigação.
Minas Gerais lidera em número absoluto de casos prováveis (352.036) entre os estados. Quando se considera o coeficiente de incidência, o Distrito Federal aparece em primeiro lugar: 3.612,7 casos por 100 mil habitantes.
Entre os casos prováveis, 55,4% são de mulheres e 44,6% de homens. A faixa etária dos 30 aos 39 anos responde pelo maior número de ocorrências de dengue no país, seguida pelo grupo de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos. O coeficiente de incidência da dengue em todo o país é de 501 casos para cada grupo de 100 mil habitantes no momento.
Historicamente, os picos das epidemias de dengue costumam acontecer entre os meses de março e abril, mas neste ano alterações na temperatura e no período de chuvas provocadas pelo aquecimento global e os sorotipos da doença em circulação impulsionaram mais cedo o aumento de casos. No mesmo período do ano passado, o país registrou 207 mil casos de dengue.
A marca de 500 mil casos prováveis havia sido superada em 12 de fevereiro. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, projeta que o Brasil poderá ter neste ano o dobro de casos de dengue registrados em 2023, que chegou a 1.658.816 casos.
Situação de emergência e hospitais lotados
Sete unidades da federação (Minas Gerais, Acre, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Distrito Federal) e 154 municípios já decretaram situação de emergência em saúde pública por causa do alto número de casos de dengue, o que permite solicitar recursos extras do governo federal para o combate à doença.
No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha afirmou que tanto a rede de saúde pública como privada entraram em colapso pelo alto número de casos da doença. Um dos pacientes que tiveram dificuldade ao buscar assistência médica é Januário da Cruz Silva, de 61 anos. Ele trabalha com um caminhão de mudanças, mas há quase uma semana teve de parar com os serviços por conta da dengue. Silva recorreu à Unidade Básica de Saúde (UBS) 1, do Paranoá, região administrativa no DF, depois de procurar, sem sucesso, atendimento médico em um hospital.
“Fui sábado ao posto de saúde, fiz hemograma e constatei estar com dengue. Fui, então, encaminhado para o Hospital do Paranoá. Fiquei quase cinco horas lá, mas acabei não sendo atendido porque, como praticamente não havia médicos, eles só atendiam quem tinha pulseira vermelha de emergência”, disse ele à Agência Brasil.
Fique atento aos sintomas
Os principais sintomas relacionados à dengue são febre alta de início repentino, dor atrás dos olhos, mal-estar, prostração e dores no corpo. O vírus da dengue pode ser transmitido principalmente pela picada de fêmeas do mosquito aedes aegypti infectadas.
Neste sábado, o Ministério da Saúde, em parceria com estados e municípios, realizará um esforço concentrado com ações de orientação para a população sobre os cuidados para evitar a disseminação da doença. Segundo a pasta, 75% dos focos de reprodução do mosquito estão nos domicílios.
Campanha de vacinação
O Brasil promove neste ano a primeira campanha pública de vacinação contra a dengue. Mas, por conta de limitações na produção da farmacêutica japonesa Takeda Pharma, o Ministério da Saúde adquiriu apenas o suficiente para imunizar 3,2 milhões de pessoas com a vacina Qdenga ao longo do ano.
Por conta disso, a vacina foi disponibilizada para público específico e regiões prioritárias: municípios com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses.
O público-alvo são crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue depois dos idosos, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.
O ciclo de imunização com a Qdenga é completo com duas doses, sendo que a segunda deve ser aplicada três meses após a primeira. A partir de 2025, entrará em campo ainda a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, que ao contrário da japonesa, exige aplicação única. Mas epidemiologistas enfatizam que a vacina é um auxiliar e que, agora e no futuro, o fundamental é reduzir o contato da população com o mosquito.
bl/cn (Agência Brasil, DW, ots)