É o quinto ano consecutivo de queda na quantidade de registros no país. Levantamento também mostra que mães brasileiras estão tendo filhos com idade mais avançada.O Brasil registrou, em 2023, o menor número de nascimentos em quase 50 anos, de acordo com levantamento de registros civis divulgado nesta sexta-feira (16/05) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Este foi o quinto ano consecutivo de queda no número de nascimentos no país. Foram 2,52 milhões de nascidos, um recuo de 0,7% na comparação com 2022.

O número total de registros de nascimentos em cartórios espalhados pelo país chegou a 2,6 milhões em 2023. Segundo o IBGE, 2,9% deles (75 mil) são de pessoas que nasceram em anos anteriores, mas foram registradas somente em 2023.

O órgão apresentou uma série histórica iniciada em 1974 com números de nascimentos ocorridos e registrados no ano, porém excluídos os dados em que a residência da mãe não é conhecida ou é no exterior.

Nessa série, o número de registros de 2023 (2,518 milhões) é o menor desde 1976 (2,467 milhões).

Custos, métodos conceptivos e projeto de vida

Para a gerente da Pesquisa de Registro Civil do IBGE, Klivia Brayner de Oliveira, a diminuição no número de nascimentos no país é influenciada pelos custos para criar crianças e pela disseminação de métodos contraceptivos, inclusive entre pessoas de baixa renda.

“As mulheres vêm adiando a vontade de querer ter filhos, dando prioridade para estudos”, completa a analista do IBGE. Em 2024, mulheres já chefiavam praticamente a metade dos lares brasileiros.

A pandemia da covid-19, quando muitos casais adiaram a decisão de ter filhos, também contribui para este cenário. A quantidade registrada em 2023, por exemplo, é 12% menor que a média de nascimentos nos cinco anos anteriores à pandemia, ou seja, de 2015 a 2019 (2,87 milhões).

Por outro lado, Oliveira pondera que no século passado a subnotificação era maior, ou seja, havia mais nascidos do que os registros civis indicam. “Em vários lugares, existem nascimentos e óbitos que não eram registrados”, afirma, enfatizando que, atualmente, os dados estão muito próximos da realidade.

A também pesquisadora do IBGE Cintia Simões Agostinho acrescenta que a queda de nascimentos não é um fenômeno apenas brasileiro. “Em países desenvolvidos, países em desenvolvimento, é um fenômeno bastante conhecido”, pontua.

Os nascimentos recuaram em quase todas as regiões do país, com exceção do Centro-Oeste, onde houve alta de 1,1% em 2023, puxada pelos estados de Tocantins (3,4%), Goiás (2,8%) e Roraima (1,9%).

Mães com idade mais avançada

O levantamento mostra que as mães brasileiras estão decidindo ter filhos com idade mais avançada. Em 2003, 20,9% dos nascidos foram gerados por mulheres de até 19 anos, percentual que caiu para 11,8% em 2023.

Já para mulheres partir de 30 anos, as proporções passaram de 23,9% para 39% no período. Especificamente entre mães com 40 anos ou mais, a marca dobrou, indo de 2,1% para 4,3%. Em 2023 foram 109 mil nascidos cujas mães estavam nessa faixa etária.

Os dados indicam uma tendência de envelhecimento da população já previsto em estudos anteriores do IBGE. Em agosto do ano passado, o órgão já havia projetado que o Brasil vai atingir seu número máximo de habitantes em 2041 e, a partir daí, a população passará a encolher.

Segundo a pesquisa, de 2000 a 2023, por exemplo, a taxa de fecundidade caiu de 2,32 para 1,57 filho por mulher, seguindo uma tendência mundial. A expectativa é que até 2040 o índice reduza ainda mais, para 1,44.

Diminuição do número de óbitos

A pesquisa Estatísticas do Registro Civil também aponta que o Brasil teve 1,43 milhão de mortes em 2023, uma queda de 5% em relação a 2022. Nove em cada dez mortes foram por causas naturais.

É o segundo ano consecutivo com diminuição de óbitos, mas o número continua acima do índice pré-pandemia. Segundo o instituto, “os dados indicam que grande parte da queda dos óbitos, em 2023, está relacionada ao fim da pandemia do coronavírus”. Foi possível notar redução de 55,7 mil no número de mortes por “doenças por vírus de localização não especificada”, categoria que inclui a covid-19.

gq/bl (Agência Brasil, IBGE, ots)