13/03/2014 - 11:06
Vista do avião, a cidade de edifícios arrojados lembra Dubai, só que insulada na estepe verde. Desde 1997, quando o presidente Nursultan Nazarbayev transferiu a capital de Almaty, maior centro urbano do país, para Astana, no norte, a cidade não para de receber investimentos e arquitetos famosos atraídos pelas receitas de petróleo do Casaquistão.
O Casaquistão é o maior país do mundo sem costa marítima, maior do que a Europa Ocidental inteira. Tudo é grandioso, opulento e ostentatório em Astana, a Brasília de casaques, russos e mongóis, que detém o título de segunda capital mais fria do mundo, depois de Ulan Bator, na Mongólia. A temperatura chega a 35º Celsius no verão e -35º C no inverno, de dezembro a março. Além disso, como os 700 mil habitantes sabem, os ventos da estepe sopram sem parar, no verão e no inverno.
Em 1954, quando tinha 7 anos, o arquiteto russo Serik Rustambekov, hoje com 66 anos, foi morar em Astana. Na década de 50, colonizadores russos e ucranianos, como os pais de Serik, foram enviados para a cidade (que se chamava Akmolinsk) para desenvolver a agricultura. “Tudo aqui foi organizado e trazido de outro lugar. Às vezes, até a comida chegava de avião”, lembra-se.
Quase tudo continua vindo de fora. Após a independência, em 1991, conquistada da antiga União Soviética, muitos funcionários públicos relutaram em deixar a atmosfera cosmopolita de Almaty (outrora conhecida com Alma Alta), com cafés, calçadas no estilo europeu e árvores frondosas, e se mudar para a capital da estepe.
Ofi cialmente, o presidente Nazarbayev justificou a mudança alegando o risco permanente de terremoto em Almaty e a falta de espaço para crescimento. Mas também queria integrar o norte habitado por russos à maioria casaque. Isso ele conseguiu. Hoje, a população de Astana é 65% de origem casaque, 23% russa, 3% ucraniana, 1,7% tártara e 1,5% alemã. A nova capital é a fronteira de expansão econômica do país, irresistível para os jovens.
Com as receitas do petróleo, Nazarbayev atraiu arquitetos como Norman Foster, Manfredi Nicoletti e Kisho Kurokawa e desenhou uma cidade futurista, rica em pirâmides de vidro, torres de aço, praças tão grandiosas quanto vazias, teatros de mármore italiano vermelho, shoppings feéricos com iluminação roxa e uma praia no Rio Ishim. A estepe nunca viu nada igual.