Um tribunal de Bagdá condenou nesta segunda-feira (06/06) um britânico, de 66 anos, por tentativa de tráfico de antiguidades do Iraque a 15 anos de prisão. O outro réu, um alemão de 60 anos, foi absolvido.

O geólogo britânico aposentado James Fitton e o psicólogo alemão Volker Waldmann foram detidos em 20 de março no aeroporto de Bagdá com lascas de pedras, fragmentos de cerâmica e vasos em suas bagagens. Os dois participaram uma excursão a sítios arqueológicos do Iraque na qual se conheceram.

Em sua mala, Fitton carregava dez peças arqueológicas. Já Waldmann levava dois fragmentos, que segundo ele, lhe foram dados pelo colega de viagem. O guia dos dois, um britânico de cerca de 80 anos, também foi detido com mais de 20 fragmentos arqueológicos. Devido à saúde debilitada, ele acabou morrendo sob custódia policial.

Os fragmentos teriam sido retirados de Uruk e Eridu, na antiga Mesopotâmia. O sítio arqueológico nesta região faz parte do patrimônio mundial da Unesco. Os fragmentos foram encontrados no chão.

Pena branda

Vestindo uniformes usados por detidos no Iraque, os dois europeus negaram no tribunal as acusações de tráfico de antiguidades e se declararam inocentes. Eles disseram ainda que não tinham ideia de que estavam infringindo leis locais.

O britânico admitiu que suspeitava que os itens que coletou seriam antigos fragmentos arqueológicos, mas disse que não sabia que não era permitido retirá-los do local encontrado. Ele afirmou ainda colecionar esse tipo de peça e disse que não tinha intenção de vendê-las.

No caso de Waldmann, o tribunal considerou não haver provas suficientes para condená-lo. Porém, o juiz afirmou que Fitton estava consciente de que o local onde ele retirou os fragmentos era um sítio arqueológico e que é ilegal no país se apropriar desses objetos, portanto, houve a intenção criminosa de contrabandear as peças para fora do país.

No veredito foi destacado que a pena prevista para o crime cometido por Fitton é “a morte por enforcamento”, mas o tribunal decidiu reduzir a pena para 15 anos de prisão devido “à idade avançada do réu”.

O veredito chocou Fitton e seu advogado, que argumentava que o réu não tinha intenção criminosa e espera uma pena máxima de um ano de detenção. A defesa do britânico pretende recorrer da decisão.

O julgamento chamou a atenção internacional em um momento no qual o Iraque pretende se reabrir para o turismo.

cn (AP, AFP, dpa)