Graças à contínua evolução tecnológica da humanidade, a hipótese da existência de vida fora da Terra está cada vez mais perto de passar do plano teórico para o de evidência constatável. Já temos aparelhos capazes de captar indícios de organismos extraterrestres, como os telescópios espaciais Hubble e Kepler, da Nasa, ou o radiotelescópio FAST, em construção na China. Além disso, as novidades podem surgir de outros aparelhos – a notícia dos três planetas em zona habitável encontrados a partir de imagens do telescópio Trappist, voltado à observação de estrelas anãs (veja matéria aqui), é um exemplo disso.

Os modernos equipamentos possibilitam avaliar com mais rigor uma ideia que já era forte entre os cientistas na segunda metade do século 20. A matéria “Uma ciência para a vida extraterrena” (PLANETA 25, setembro de 1974), da Equipe Planeta, chamava atenção para a enorme possibilidade de existir vida em outros cantos do universo e destacava um encontro científico internacional no observatório de Byurakan, na Armênia (então parte da União Soviética), em 1971, no qual os presentes – entre eles o astrônomo americano Carl Sagan – se mostravam confiantes na existência de inteligências extraterrestres. A dificuldade, afirmavam, é que talvez elas se comuniquem usando uma técnica ainda desconhecida para nós. Ainda não a detectamos, mas esforços para isso não têm faltado.

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Trecho

Por várias vezes na última década, radioastrônomos têm tentado captar sinais de existência de inteligência extraterrena. Apesar de o homem não ter ainda conseguido captar nenhuma comunicação interestelar, a galáxia inteira poderá estar cheia de conversas entre civilizações avançadas, transmitidas numa técnica ainda desconhecida na Terra. Diz o astrônomo Carl Sagan: “Pode ser que sejamos como os habitantes de um vale isolado da Nova Guiné que se comunicam com as vilas do vale vizinho por meio de tambores e mensageiros, sem a menor ideia de que há uma vasta rede internacional de rádio trafegando entre eles, sobre eles, através deles”.

Qualquer civilização de um outro planeta capacitada a se comunicar com a Terra será, inquestionavelmente, mais velha que a civilização humana. E, portanto, teria há muito conseguido vencer problemas que atormentam a Terra no presente: poluição, superpopulação e a permanente ameaça da guerra estariam certamente presentes em seu passado. E se ela tiver aprendido a controlar o aterrador poder da tecnologia que possuirá com certeza, talvez possa ensinar ao homem o segredo da sobrevivência.


14_PL521_Aliens2Extraído de “Uma ciência para a vida extraterrena”, PLANETA 25, setembro de 1974