Oito pessoas morreram devido ao calor na Espanha, Itália e França. Alemanha teve dia mais quente do ano com temperaturas em torno de 40º C em algumas regiões.O calor extremo que atingiu a região central da Europa nesta quarta-feira (02/07) deixou oito mortos, após gerar alertas de saúde e de incêndios florestais e de forçar o fechamento de um reator nuclear em uma usina na Suíça.

Os serviços meteorológicos nacionais da Europa Central e do Norte emitiram alertas à população sobre o calor excessivo em muitas das maiores cidades do continente. Bruxelas, Colônia, Hamburgo, Frankfurt, Paris e Budapeste registraram temperaturas de pelo menos 35º C. No final do dia, chuvas fortes em alguns países da região provocaram uma queda nas temperaturas e trouxeram alívio.

Vítimas do calor

Quatro pessoas morreram na Espanha, duas na França outras e duas na Itália devido à onda de calor do início do verão no continente europeu.

Autoridades espanholas disseram que um incêndio florestal na Catalunha matou duas pessoas no dia anterior. O fogo destruiu várias fazendas e afetou uma área de cerca de 40 quilômetros antes de ser contido.

Outras duas mortes relacionadas à onda de calor foram registradas em Extremadura e Córdoba.

Na Turquia, onde os bombeiros combatiam incêndios em várias frentes, as autoridades asseguraram que as chamas foram amplamente controladas nesta quarta-feira. Cerca de 50.000 pessoas tiveram de ser evacuadas de suas regiões no início da semana.

Junho teve calor recorde na França

Na França, a ministra da Ecologia, Agnes Pannier-Runacher, relatou duas mortes relacionadas ao calor, com cerca de 300 pessoas hospitalizadas.

A França teve o segundo mês de junho mais quente no país desde o início dos registros, em 1900, atrás apenas de junho de 2003, disse Pannier-Runacher, nesta quarta-feira.

A ministra disse que “mais de 300 pessoas foram levadas para atendimento de emergência e duas morreram em decorrência de doenças relacionadas ao calor” no país.

A empresa francesa de meteorologia Meteo France afirmou que os alertas vermelhos permaneceram até o final do dia em diversas áreas da França central.

“Cúpula de calor” sobre a Europa

Itália, França e Alemanha alertaram para o risco de fortes tempestades devido ao calor excessivo em atmosferas instáveis. Tempestades violentas nos Alpes Franceses na noite de segunda-feira provocaram deslizamentos de terra e interromperam o tráfego ferroviário entre Paris e Milão.

A empresa pública de energia da Suíça Axpo desligou um reator da usina nuclear de Beznau e reduziu pela metade a produção de outro nesta terça-feira devido à alta temperatura da água do rio. A água é usada para resfriamento e outras finalidades em usinas nucleares. As restrições devem continuar enquanto as temperaturas são monitoradas.

Cientistas afirmam que as ondas de calor chegaram mais cedo este ano, aumentando as temperaturas em até 10°C em algumas regiões, à medida que o aquecimento dos mares estimula a formação de uma cúpula de calor sobre grande parte da Europa, aprisionando massas de ar quente.

Os especialistas dizem que as emissões de gases causadores do efeito estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis são uma das causas das mudanças climáticas, assim como o desmatamento as práticas industriais sendo outros fatores contribuintes. O ano passado foi o mais quente já registrado no planeta.

“O calor extremo está testando nossa resiliência e colocando a saúde e a vida de milhões em risco”, disse Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. “Nossa nova realidade climática significa que não podemos mais nos surpreender quando as temperaturas atingem níveis recordes a cada ano.”

Alemanha tem dia mais quente do ano

Na Alemanha as temperaturas atingiram em torno de 40º C em algumas regiões, o que fez com que este tenha sido o dia mais quente do ano. Várias escolas em todo o país permaneceram fechadas devido ao calor. Os bombeiros combateram vários incêndios florestais nos estados de Brandemburgo e Saxônia, no leste do país. Temperaturas recordes de quase 40 graus Celsius foram registradas em partes do país nesta quarta-feira. Tempestades no final da noite devem trazer alívio e temperaturas mais baixas.

Dados preliminares do Serviço Meteorológico Alemão (DWD) confirmaram esta quarta-feira como o dia mais quente do ano. O serviço meteorológico alertou para um “risco localizado” de tempo severo, com tempestades atingindo partes do país.

Nesta terça-feira, o DWD registrou a temperatura mais alta do ano até o momento, com 37,8 graus em Kitzingen, na Baviera, de acordo com medições preliminares.

O recorde histórico de calor para a Alemanha foi registrado em 25 de julho de 2019, com 41,2 graus Celsius nas estações meteorológicas do DWD em Tönisvorst e Duisburg-Baerl, ambas no estado da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste do país.

A operadora ferroviária nacional da Alemanha, a Deutsche Bahn, anunciou interrupções em todo o país devido ao calor. Várias linhas tiveram o tráfego suspenso no estado mais populoso do país, Renânia do Norte-Vestfália, em razão do clima.

Muitas linhas de ônibus operadas pela empresa também não puderam rodar, devido à falta de ar-condicionado e riscos aos equipamentos devido ao calor extremo.

Na Itália, melões “cozidos no pé”

Na Itália, dois homens com mais de 60 anos morreram em incidentes separados na costa da Sardenha devido ao calor. As autoridades italianas emitiram alertas vermelhos para 18 cidades.

Todos os trabalhos realizados ao ar livre foram proibidos entre as 11h e as 16h em treze das 20 regiões da Itália, incluindo Lombardia e Emília-Romagna, onde se concentra grande parte da indústria do país.

A notícia veio após a confirmação da morte de um trabalhador da construção civil de 47 anos, que morreu na Emília-Romagna nesta segunda-feira. Ele perdeu a vida devido a complicações de insolação. Hospitais em toda a Itália relataram um aumento de 15% a 20% nas internações de emergência na última semana.

A Coldiretti, principal organização italiana que representa agricultores, emitiu um alerta nesta quarta-feira sobre o impacto da onda de calor na produção de alimentos. Na Lombardia, por exemplo, onde metade do leite italiano é produzido, houve uma queda de 10% na produção devido à onda de calor.

Em Piemonte, Toscana e Úmbria, onde grande parte das frutas e vegetais do país são produzidos, os agricultores correram para cobrir suas plantações com lonas. A Coldiretti relatou que centenas de quilos de melões foram literalmente cozidos no pé. Trigo, cevada, uvas e berinjelas também foram fortemente afetados.

Clima extremo custa bilhões à Europa

A Agência Europeia do Ambiente (AEA) avalia que ondas de calor, inundações e incêndios florestais custam bilhões de euros à Europa todos os anos.

Somente em 2023, eventos relacionados ao clima custaram à Europa mais de 45 bilhões de euros. De acordo com a AEA, as principais causas dos danos foram inundações, tempestades, vento e granizo, enquanto as ondas de calor causaram o maior número de mortes.

Os maiores prejuízos foram registrados na Alemanha, Itália, França e Espanha. A agência afirma que poucos desses danos estavam segurados.