07/01/2022 - 18:29
Um tribunal de Berlim condenou nesta sexta-feira (07/01) um professor à prisão perpétua pelo assassinato e desmembramento de um homem, num caso de canibalismo que chocou a Alemanha. O réu, Stefan R., de 42 anos, um professor de matemática do ensino médio, foi sentenciado à prisão perpetua.
À época, detalhes brutais do assassinato, ocorrido em 2020, dominaram o noticiário alemão por meses.
Em sua decisão, o juiz que presidiu o caso, Matthias Schertz, considerou que Stefan R. cometeu o crime “para realizar fantasias canibais”. “O que você fez é desumano”, disse o juiz Schertz para o réu, acrescentando que o caso era “desprezível”. “Em 30 anos de magistratura, nada como isso passou pela minha mesa antes.”
Além de homicídio, o réu também foi condenado por vilipêndio de cadáver. Stefan R. permaneceu em silêncio e sem manifestar qualquer expressão enquanto a sentença era proferida no tribunal.
O crime
Segundo a acusação, em setembro de 2020, Stefan R., fez contato com a vítima por meio de um aplicativo de paquera antes de atraí-lo para sua casa. Uma vez lá, a vítima foi sedada com GHB (conhecida como “droga dos estupradores”) antes de sua garganta ser cortada. O assassino ainda cortou a genitália da vítima para posteriormente comê-la.
O restante do cadáver foi então cortado em pedaços e espalhado pelo distrito de Pankow, na região nordeste de Berlim. O caso veio à tona em novembro de 2020, depois que ossos humanos foram encontrados em um parque do bairro.
A polícia identificou os restos como sendo de Stefan T., de 43 anos, que constava como desaparecido desde setembro daquele ano.
Através dos registos telefónicos da vítima, os investigadores chegaram até a casa do assassino, onde encontraram vestígios de sangue e mais restos mortais.
Os investigadores ainda constaram que o réu já havia realizado buscas “específicas e detalhadas” em diferentes fóruns relacionados ao canibalismo.
Os advogados do réu Stefan R. tentaram argumentar que a vítima morreu de causas naturais e que o professor cortou e descartou o corpo porque temia que as pessoas descobrissem que ele é homossexual.
Mas o juiz Schertz disse que essa narrativa dos acontecimentos soava “inacreditável do início ao fim” e destacou que o “desmembramento muito cuidadoso dos testículos e do pênis” da vítima pelo assassino invalidava essa versão.
Na Alemanha, as penas de prisão perpétua têm um mínimo de 15 anos a serem cumpridos em regime fechado. Após esse período, o condenado normalmente pode solicitar liberdade condicional.
Mas, neste caso, o tribunal considerou que há um “agravamento especial de culpa do réu”. A designação significa que Stefan R. provavelmente não será libertado da prisão após 15 anos
Outros casos
Em 2020, o caso de Stefan R. em 2020 evocou memória de outros episódios de canibalismo. Em 2015, Detlev Günzel, um ex-policial alemão, foi condenado a oito anos e meio de prisão por assassinar um homem que conheceu num site de fetichistas de canibalismo e esquartejá-lo numa câmara de sadomasoquismo.
Günzel, de 58 anos, cortou o corpo em pequenos pedaços numa espécie de abatedouro que construiu em seu porão, antes de enterrá-los em seu jardim. Não havia evidências de que tenha comido qualquer parte da vítima.
Em um caso mais célebre, ocorrido em 2001 e que chocou a Alemanha, Armin Meiwes, apelidado de “canibal de Rotenburg”, foi condenado à prisão perpétua. O técnico de informática castrou um outro homem, aparentemente com o consentimento dele, assassinou-o com uma punhalada do pescoço e comeu sua carne. Os dois haviam se conhecido pela internet. O corpo do engenheiro de Berlim foi cortado em pedaços e congelado, para ser consumido aos poucos.
jps (dpa, AFP, DW, ots)