Um grupo de pesquisadores de Montana, nos EUA, está conduzindo experimentos para elaborar um material de construção sustentável feito por fungos e bactérias. Um estudo publicado em 16 de abril no periódico “Cell Reports Physical Science” relatou o uso de micélio para fazer uma alternativa “viva” e auto-reparávael ao cimento. As informações são da “CNN Science”.

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De acordo com a Chatham House, 4 bilhões de toneladas métricas de cimento são fabricadas anualmente, contribuindo com 8% das emissões globais de dióxido de carbono.

Foi para tentar estabelecer um material sustentável que as pesquisas com fungos e bactérias se iniciaram. “Nos perguntamos: ‘E se pudéssemos fazer isso [materiais de construção] de maneira diferente usando a biologia?'”, pontuou Chelsea Heveran, autora do estudo e professora assistente de engenharia mecânica e industrial na Montana State University Bozeman, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores introduziram bactérias capazes de produzir carbonato de cálcio no micélio de um fungo que, por meio de um processo chamado biomineralização, conseguiram endurecer esse micélio em uma estrutura rígida similar a um osso.

A equipe tentou fazer com que o fungo Neurospora crassa se biomineralizasse por conta própria, mas descobriu que matá-lo e logo em seguida adicionar bactérias Sporosarcina pasteurii ajudou a obter um material mais rígido em menos tempo, já que os micróbios metabolizam ureia e criam redes de carbonato de cálcio em torno dos filamentos do micélio.

Enquanto outros materiais de construção biomineralizados são considerados “vivos” por apenas alguns dias, Chelsea apontou que conseguiu deixar as bactérias vivas por pelo menos quatro semanas, um período que pode, eventualmente, se estender por meses ou anos.

Apesar disso, muitos testes ainda são necessários para que um material de construção como o desenvolvido por Chelsea substitua o cimento, já que os experimentos foram feitos em pequena escala, mas o micélio é considerado pela pesquisadora como uma base promissora.

Para Avinash Manjula-Basavanna, um bioengenheiro que não teve envolvimento na pesquisa, o que realmente importa não é a rigidez do material de construção “vivo”, mas a resistência e capacidade de suportar carga. “Acho que, no futuro, eles seriam úteis para edifícios térreos”, ressaltou.