24/03/2025 - 18:09
Familiares se reuniram nos Alpes franceses para homenagear 149 vítimas do voo 9525 da Germanwings, derrubado propositalmente pelo copiloto da aeronave em 2015.Centenas de pessoas se reuniram nesta segunda-feira (24/03) nos Alpes franceses, perto do local da queda do voo 9525 da companhia Germanwings, para homenagear 149 vítimas do desastre aéreo, causado propositalmente pelo copiloto da aeronave, há exatamente dez anos.
O Airbus A320 da Germanwings, uma antiga subsidiária Lufthansa, caiu em 24 de março de 2015, perto do pequeno vilarejo alpino de Le Vernet, quando ia de Barcelona, na Espanha, para Düsseldorf, na Alemanha.
A queda da aeronave matou todos os 150 ocupantes – 144 passageiros e seis tripulantes, entre pessoas de 17 países, entre eles 72 alemães e 50 espanhóis.
Diversos membros das famílias das vítimas fizeram um minuto de silêncio às 10h41 (6h41 em Brasília), o momento exato da queda. Várias autoridades francesas, alemãs e espanholas depositaram coroas de flores no cemitério de Le Vernet, onde vítimas não identificadas foram enterradas em uma vala comum.
O executivo-chefe da Lufthansa, Carsten Spohr, disse que a tragédia ainda assombrava a empresa e orientava seu pensamento sobre “responsabilidade”.
Queda em 2015
O ex-prefeito Bertrand Bartolini disse que seu deslocamento ao local do acidente em 2015, onde as equipes de resgate recuperaram milhares de partes de corpos em meio aos destroços, o deixou profundamente marcado. Era um “lugar de horror absoluto”, disse ele. “Eu vi coisas lá sobre as quais nunca poderei falar”.
À época, famílias enlutadas e jornalistas logo chegaram à comunidade remota, e Bartolini se viu obrigado a assinar certidões de óbito de 150 pessoas. Ele disse que ainda se lembra de um casal alemão que morreu com seu filho de 18 meses e do casal marroquino recém-casado que acabou embarcando no voo de última hora, após o atraso de outra aeronave.
As vítimas também incluíam 16 alunos e dois professores de uma escola de ensino médio na cidade de Haltern am See, no oeste da Alemanha. Os adolescentes e os funcionários da escola estavam voltando para casa após um programa de intercâmbio escolar de uma semana na Espanha.
Em 24 de março de 2015, enquanto o voo 9525 sobrevoava a França, o copiloto Andreas Lubitz, de 27 anos, tomou uma decisão que selou o destino de todos a bordo.
Quando o piloto, o capitão Patrick Sondenheimer, saiu da cabine para ir ao banheiro, Lubitz trancou a porta da cabine e reajustou o piloto automático, colocando comandos para que a aeronave efetuasse uma descida no meio dos Alpes, colocando todos em rota de colisão com as montanhas.
Nos últimos minutos do voo, a caixa-preta captou apenas a respiração de Lubitz, que ignorou as chamadas dos controladores de tráfego aéreo enquanto o piloto, aos gritos, tentava em vão abrir a porta – reforçada e à prova de arrombamento, assim como as de milhares de aeronaves após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Nas horas seguintes à queda, houve uma onda de choque e incredulidade na Alemanha e na Espanha após os investigadores revelarem que a aeronave havia sido derrubada de propósito. Nos meses que antecederam o acidente, Lubitz escondeu de seus empregadores que sua saúde mental vinha se deteriorando, temendo que fosse impedido de voar.
Homenagens na Alemanha e na Espanha
Nesta segunda, Em Haltern am See, cidade dos alunos que morreram no acidente, estudantes depositaram rosas no pátio da escola de ensino médio Joseph König, e centenas de pessoas que se reuniram sob a chuva em frente a uma placa com os nomes das vítimas ficaram em silêncio às 10h41;
O diretor da escola, Christian Krahl, disse que continua sendo importante lembrar a tragédia, mesmo que os alunos de hoje não tenham passado por ela. “Queremos estar perto daqueles que estão infinitamente tristes até hoje”, disse ele.
Foram colocadas coroas de flores no cemitério da cidade, onde há um memorial na forma de uma sala de aula e onde estão enterrados alguns dos estudantes.
Também foram planejadas comemorações nos aeroportos de Düsseldorf e Barcelona. No aeroporto de Düsseldorf, um livro de condolências foi disponibilizado na chamada Sala do Silêncio para funcionários e viajantes.
Em 2017, o local do acidente, na França, passou a ser assinalado marcado por um monumento de 5 metros, que representa o sol e os cinco continentes. O memorial também é composto por 149 placas de alumínio dourado – que assinalam todas as pessoas a bordo, exceto o copiloto Lubitz.
jps (AFP, ots)