27/11/2025 - 15:43
Princípios das interações entre pessoas, como perguntas e respostas, podem ser mais antigos do que se pensava.Os chimpanzés que vivem livres na natureza também sabem conversar – de um jeito próprio, mas cujos padrões carregam semelhanças com as interações entre humanos. Foi o que descobriu um estudo realizado em Uganda por pesquisadores de universidades na Alemanha e na Suíça. Os resultados sugerem que os princípios básicos da conversa entre pessoas são mais antigos do que se pensava.
Analisando interações entre 17 mães chimpanzés e seus filhotes no Parque Nacional Kibale, os cientistas da Universidade de Osnabrück e da Universidade de Zurique perceberam que elas seguem padrões previsíveis e alternados.
“Depois de observar essas mães e bebês na floresta tropical durante meses, fiquei impressionado com o quanto suas interações me pareciam familiares . Mesmo sendo um estranho ao mundo deles, suas trocas eram compreensíveis para mim devido às suas estruturas previsíveis”, disse o professor Bas van Boekholt, da Universidade de Osnabrück.
A semelhança ocorre porque as conversas entre humanos são baseadas em sequências: uma pergunta ou uma saudação, por exemplo, requerem sempre uma resposta. É isso que os cientistas chamam de “pares de adjacência”, que servem para organizar as trocas entre indivíduos – sejam elas verbais ou não, como gestos e ações.
Divisão em assuntos
Há muito tempo, os estudiosos supunham que essa estrutura já existia antes mesmo da linguagem. Até agora, entretanto, os estudos sobre como os animais se comunicavam eram principalmente focados nas sequências de sinais que eles usavam, e não na dinâmica de reciprocidade das interações.
Os cientistas de Osnabrück e Zurique descobriram ainda que certas ações e gestos ocorrem juntos com particular frequência – semelhante aos “tópicos de conversa” nos diálogos humanos.
“Durante décadas, estudos sugeriram que as interações dos chimpanzés tinham pouca semelhança com a linguagem humana, mas agora sabemos que a estrutura subjacente é muito semelhante e sistematicamente organizada – uma descoberta que incentiva novas pesquisas”, afirmou a professora Simone Pika, da Universidade de Osnabrück.
De acordo com a bióloga comportamental, o estudo abre novas possibilidades para comparações adicionais dentro do reino animal que podem esclarecer quando esses blocos de construção interativos da linguagem humana surgiram pela primeira vez.
ht/ra (ots)
