Professor universitário é primeiro não militar a viajar rumo à estação espacial Tiangong, ao lado de outros dois tripulantes. Pequim planeja enviar uma missão tripulada à Lua até 2030.A China enviou três astronautas para a sua estação espacial Tiangong nesta terça-feira (30/05), incluindo, pela primeira vez, um astronauta civil.

A segunda maior economia do mundo investiu bilhões de dólares em seu programa espacial militar, numa tentativa de reforçar sua posição frente à Rússia e aos Estados Unidos, e planeja enviar uma missão tripulada à Lua até 2030.

A tripulação da missão Shenzhou-16 partiu a bordo de um foguete do centro de lançamento de Jiuquan, no deserto de Gobi, no noroeste da China, às 9h30 no horário local e se acoplou ao módulo central da estação espacial na tarde desta terça-feira, mais de seis horas após deixar a Terra, noticiou a emissora estatal CCTV.

Lançamento bem-sucedido

O lançamento foi um sucesso, e os astronautas estão em “boas condições”, afirmou Zou Lipeng, diretor do Centro de Lançamento de Satélites Jiuquan.

Dezenas de funcionários do programa espacial chinês acompanharam o lançamento, tirando selfies com o foguete ao fundo. Crianças também assistiram ao evento, alguns delas sacudindo bandeiras da China sentadas sobre os ombros dos pais.

À frente da tripulação estava o comandante Jing Haipeng, em sua quarta missão, assim como o engenheiro Zhu Yangzhu e Gui Haichao, professor da Universidade Beihang e o primeiro chinês a viajar ao espaço que não é membro do Exército chinês.

A China foi o terceiro país a colocar humanos em órbita. A estação espacial Tiangong é a joia da coroa de seu programa espacial, que também já enviou robôs a Marte e à Lua.

Troca de tripulação

Na Tiangong, a tripulação da Senzou-16 se reunirá com três colegas da Shenzhou-15, que se encontram na estação espacial há seis meses e retornarão à Terra nos próximos dias.

A tripulação da Shenzhou-16 realizará uma série de experimentos no espaço, envolvendo, por exemplo, “sistemas espaciais de tempo e frequência de alta precisão”, relatividade geral e as origens da vida, disse o porta-voz da Agência Espacial Tripulada da China (CMSA), Lin Xiquiang.

A estação espacial foi reabastecida com água potável, roupas, alimentos e combustível neste mês, em preparação para a chegada da Shenzhou-16.

Jonathan McDowell, astrônomo e astrofísico do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, disse à agência de notícias AFP que a missão desta terça é um voo regular de troca de tripulação, mas que acumular experiência em voos espaciais tripulados é importante e “não envolve marcos espetaculares o tempo todo”.

“Sonho espacial” da China

O “sonho espacial” da China foi acelerado pelo presidente Xi Jinping, e a construção de uma base lunar está planejada.

“A meta geral é realizar o primeiro pouso tripulado da China na Lua até 2030 e realizar a exploração científica lunar e experimentos tecnológicos relacionados”, disse Lin, da CMSA.

O módulo final da Tiangong – que significa “palácio celestial” – acoplou-se com sucesso à estrutura central no ano passado. A estação abriga vários equipamentos científicos de ponta, informou a agência de notícias estatal Xinhua, incluindo “o primeiro sistema de relógio atômico frio baseado no espaço”.

Espera-se que a Tiangong permaneça na órbita da Terra a uma altitude entre 400 e 450 quilômetros por pelo menos dez anos. Ela é constantemente tripulada por equipes rotativas de três astronautas.

A China tem sido excluída da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) desde 2011, quando os Estados Unidos proibiram a Nasa de se envolver com o país asiático, pressionando Pequim a desenvolver seu próprio programa espacial.

A China planeja enviar duas missões espaciais tripuladas para Tiangong a cada ano, de acordo com a CMSA. A Shenzhou-16 é a sétima nave a visitar a estação espacial. A próxima será a Shenzhou-17, com lançamento previsto para outubro.

lf (AFP, Efe)