País acusa EUA de intimidação e de ter “natureza chantagista” após presidente americano ameaçar taxar em 50% produtos chineses, se Pequim não reverter decisão de revidar tarifas americanas.O governo da China expressou nesta terça-feira (08/04) “firme condenação” ao que chamou de “natureza chantagista” dos Estados Unidos após o presidente Donald Trump ameaçar nesta segunda-feira impor uma tarifa adicional de 50% a produtos do país asiático, se Pequim não retirar ainda nesta terça as sobretaxas impostas a produtos americanos em represália ao plano tarifário do mandatário.

Em comunicado, o Ministério do Comércio chinês disse que a imposição pelos EUA das “chamadas ‘tarifas recíprocas'” à China é “completamente infundada e é uma prática típica de ‘intimidação unilateral”.

A pasta afirmou que as contramedidas anunciadas na última sexta-feira por Pequim, que incluem uma taxa de 34% sobre todos os produtos comprados dos EUA, são “completamente legítimas” e “visam proteger sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento, e manter uma ordem comercial internacional normal”.

“A ameaça dos EUA de aumentar as taxas sobre a China é um erro em cima de um erro e mais uma vez expõe a natureza chantagista dos EUA. A China nunca aceitará isso. Se os EUA insistirem nesse caminho, a China lutará até ao fim”, alertou.

O ministério reiterou que “não há vencedores em uma guerra comercial e não há saída para o protecionismo” e que “pressão e ameaças não são a maneira correta de lidar com a China”.

Apelo por “diálogo igualitário”

“A China pede que os Estados Unidos corrijam imediatamente suas práticas erradas, cancelem todas as medidas tarifárias unilaterais, interrompam a supressão econômica e comercial da China e resolvam adequadamente as diferenças por meio de um diálogo igualitário”, acrescenta o texto.

As autoridades chinesas advertiram que “tomarão medidas para proteger seus direitos e interesses”.

Trump criticou o país asiático, alegando que este se tornou rico porque aqueles que estavam antes dele na Casa Branca o permitiram.

O presidente americano afirmou que considera “uma honra” agir como está agindo depois de afirmar que os Estados Unidos foram “destruídos pelo que fizeram” com seu próprio sistema.

Trump também advertiu em sua rede social Truth Social que “serão suspensas todas as conversas com a China” sobre as negociações que, de acordo com ele, Pequim solicitou para tratar da guerra comercial.

Na última sexta-feira, a China lançou uma bateria de contramedidas às tarifas anunciadas na semana passada por Trump, que elevaram as taxas sobre os produtos chineses para pelo menos 54%.

A China também entrou com uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os EUA pelas tarifas chamadas de “recíprocas” por Trump, que alega que o país era prejudicado no comércio internacional.

Mercados se recuperam

Os mercados se recuperaram um pouco nesta terça-feira, após uma segunda-feira sombria de quedas generalizadas nos mercados asiáticos, europeus e americanos.

Na Ásia, Tóquio fechou em alta de mais de 6%, após perdas de 8% no dia anterior. E na Europa, os principais índices abriram no verde.

Os analistas temem que a guerra comercial leve a uma inflação mais alta, maior desemprego e menor crescimento.

Trump alega que a economia dos EUA vem sendo “saqueada” há anos pelo resto do mundo.

md (EFE, AFP, Lusa)