25/02/2022 - 10:53
Em julho de 2019, uma série de terremotos, incluindo dois grandes abalos de magnitude 6,4 e 7,1 em dias sucessivos, ocorreu perto de Ridgecrest, Califórnia, entre Los Angeles e Las Vegas. Para os moradores locais, foi uma interrupção violenta do feriado de 4 de julho. Para os sismólogos, foi uma rara oportunidade de estudar como os terremotos danificam a crosta terrestre.
A zona do terremoto – que pertence a uma rede de falhas chamada Zona de Cisalhamento do Leste da Califórnia – é escassamente povoada e árida, sem muita vegetação ou edifícios para obscurecer a superfície. Mas também é bem coberta por imagens de satélite e acessível a geólogos que poderiam estar no local bem antes que as evidências de danos na crosta desaparecessem.
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Alba Rodríguez Padilla, doutoranda na Universidade da Califórnia em Davis, estava entre os cientistas que estudavam o local, juntamente com o professor Mike Oskin, do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da mesma universidade, Christopher Milliner, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), e Andreas Plesch, da Universidade Harvard. Eles mapearam a ruptura da superfície a partir de dados de Lidar e imagens aéreas coletadas por estudos anteriores e compararam os mapas de ruptura com outros conjuntos de dados para explorar a distribuição dos danos nas rochas causados pelos terremotos. Suas descobertas foram publicadas na revista Nature Geoscience.
“Não temos apenas aridez ajudando aqui – melhorias na técnica e resolução de imagens, juntamente com a coleta de uma grande pegada de dados espaciais, são o que tornam a cobertura de Ridgecrest de ponta”, disse Rodríguez Padilla.
Deformação inelástica
A rocha ao redor da falha sofreu uma “deformação inelástica”, o que significa que foi deformada e quebrada em vez de retornar à sua configuração original. A deformação foi maior a 100 metros da falha, com danos generalizados e de baixa intensidade até 20 quilômetros de distância.
Essa deformação deixa a rocha ao redor da falha menos rígida do que antes, amolecendo a crosta. Esse amolecimento dissipa a energia de futuros terremotos, aumenta a permeabilidade e concentra a deformação.
O estudo fornece uma melhor compreensão de como os danos dos terremotos se acumulam e podem afetar eventos futuros, disse Rodríguez Padilla.