Já se perguntou como a música afeta seu cérebro? Além de desencadear a liberação do hormônio dopamina, responsável pela sensação de bem-estar, a ciência mostrou que ouvir música pode aumentar nossa função cognitiva, aliviar potencialmente os sintomas de ansiedade e estresse e nos ajudar a manter o foco.

“Quando você ouve uma música, seu córtex auditivo – a parte do cérebro responsável pelo processamento do som – é ativado. Isso ativa outras áreas do cérebro, incluindo o sistema límbico – responsável pela emoção – e o córtex motor, que controla o movimento”, explicou Desiree Silverstone, psicoterapeuta de Londres, Inglaterra, em conversa com o site Live Science.

Silverstone acrescentou que, à medida que mais áreas do cérebro são ativadas, podemos começar a sentir os efeitos da música. Se estiver ouvindo música em ritmo acelerado, por exemplo, você pode começar a se sentir mais alerta e enérgico. Se estiver ouvindo uma música relaxante, você pode começar a se sentir mais calmo e relaxado.

Facilidade para lembrar de letras

Em um estudo de 2008, publicado na revista Perception and Motor Skills, os pesquisadores descobriram que o ritmo com ou sem acompanhamento musical pode ser capaz de “facilitar a recordação do texto”, o que significa que ouvir música pode nos ajudar a lembrar de peças de informação.

Já um estudo de 2010, também publicado na Perceptual and Motor Skills, descobriu que a música pode melhorar nossa função cognitiva fora do contexto das tarefas de memória.

O experimento, que encarregou 56 estudantes universitários de ambos os sexos de completar uma tarefa de processamento linguístico e espacial enquanto ouviam 10 trechos de sinfonias de Mozart, descobriu que a música de fundo estava ligada a um aumento na velocidade do processamento espacial (a rapidez com que reconhecemos as formas, padrões e posições de objetos) e a precisão do processamento linguístico (nossa capacidade de processar palavras).

Mas como isso acontece? De acordo com um estudo de 2007 publicado na revista Aging Clinical and Experimental Research, essa melhora em nossa função cerebral pode ser explicada pela “hipótese da excitação e do humor”.

A hipótese afirma que a música aumenta nosso nível de excitação, ou seja, o quão acordados e alertas nos sentimos, e isso nos coloca em um nível ideal para melhorar a recuperação da memória. A teoria ainda sugere que adicionar fundos auditivos divertidos torna uma tarefa de aprendizagem mais interessante e, portanto, aumenta o nível geral de animação do aluno.

Efeitos na saúde mental

De acordo com uma revisão de 2017 publicada na revista Frontiers in Psychology, a música pode ser benéfica na redução dos sintomas de depressão. Em 26 dos 28 estudos analisados, houve uma redução significativa nos níveis de depressão ao longo do tempo nos grupos que ouviram música em comparação com os grupos de controle que não ouviram.

Em particular, os indivíduos mais velhos (sem uma condição específica) apresentaram melhorias quando ouviram música ou participaram de musicoterapia. A musicoterapia pode envolver ouvir, tocar, compor ou interagir com a música.

De acordo com o psicoterapeuta Jordan Vyas-Lee, cofundador da Kove Clinic, uma clínica de terapia em Londres, na Inglaterra, ouvir música animada ou alegre pode ajudar a iluminar redes neurais que armazenam memórias positivas e pessoais.

“Esse é o tipo de informação que fica bloqueada durante os surtos de depressão e que precisa ser desbloqueada para estimular habilidades de resolução de problemas e repertórios comportamentais positivos e adaptativos”, explicou ele à Live Science.