10/11/2025 - 16:57
A sensação de ter uma música tocando repetidamente na mente, mesmo em silêncio, é comum e tem explicação científica. O fenômeno, conhecido como “imagem musical involuntária” ou “música chiclete”, ocorre quando o cérebro repete automaticamente um trecho sonoro armazenado na memória. Estudos mostram que mais de 90% das pessoas já experimentaram esse tipo de repetição mental.
Pesquisadores da psicologia musical explicam que músicas com estruturas simples, repetições marcantes e melodias fáceis de lembrar têm mais chance de “grudar”. O cérebro tende a agrupar e reutilizar trechos familiares de músicas, como refrões curtos e previsíveis. Essas repetições contínuas fazem com que o cérebro ative uma sequência automática de recordação, reproduzindo o mesmo trecho várias vezes, sem necessidade de atenção consciente.
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O processo está ligado à chamada “rede de modo padrão”, um conjunto de regiões cerebrais que se ativa quando a mente está em repouso ou divagando. Essa rede facilita o surgimento de pensamentos involuntários, incluindo melodias repetidas. Quando o cérebro se fixa em um trecho musical, ele tende a reiniciá-lo automaticamente, sem percorrer o restante da canção.
Entre os gatilhos mais comuns estão ouvir uma música repetidas vezes, associá-la a palavras ou sons semelhantes, ou simplesmente lembrar-se de uma situação em que ela foi tocada. Além disso, pessoas que ouvem música em horários e lugares fixos têm mais chances de reviver melodias mentalmente.
Para “desligar” a música da cabeça, os cientistas sugerem duas estratégias: substituir o trecho repetitivo por outra canção mais neutra ou engajar-se em atividades que exijam atenção, como conversar ou resolver problemas. Em casos persistentes, cantar a música em voz alta também pode ajudar, já que o ato de vocalizar quebra o ciclo de repetição mental.
Embora incômodas, as músicas que grudam revelam como o cérebro organiza sons e memórias. Elas mostram que, ao mesmo tempo em que a mente busca eficiência ao reutilizar padrões familiares, também pode transformar uma simples melodia em um ciclo involuntário difícil de interromper.
