05/05/2025 - 15:52
A cena em que o personagem Han Solo, interpretado por Harrison Ford, é congelado em “carbonita”, um material fictício, por Darth Vader no filme “O Império Contra-Ataca” se tornou um dos momentos mais icônicos da saga Star Wars.
De acordo com Alex Baker, químico da Universidade de Warwick, no Reino Unido, algo similar poderia ser feito com humanos usando um elemento da vida real, mas as chances de sobrevivência seriam muito baixas.
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Atualmente, nitrogênio líquido e dióxido de carbono sólido são exemplos de substâncias utilizadas para congelar óvulos no tratamento de fertilização in vitro. Entretanto, os materiais podem ser utilizados apenas com objetos pequenos e não é possível repetir o processo com seres humanos. As informações são do “Daily Mail”.
“A questão é conseguir congelar os seus órgãos antes de você morrer”, apontou Baker, acrescentando que seria necessário investigar outras substâncias que pudessem permitir o “congelamento”, além do nitrogênio líquido e do dióxido de carbono sólido.
Um dos candidatos para ser a “carbonita” é o Gálio, um metal que fica em estado líquido na temperatura ambiente mas congela se submetido a uma temperatura abaixo de 29°C. Um estudo mostrou que o elemento é capaz de armazenar organismos primitivos como vermes nemátodos.
No estudo, os nemátodos foram colocados em Gálio líquido, o material foi solidificado e os seres vivos recuperados depois de uma semana “congelados”. Quando os vermes perdem a água do seu corpo, eles entram em um estado de animação suspensa — quando os processos fisiológicos são desacelerados — chamado de “anidrobiose”.
De acordo com Baker, para repetir a cena do filme, seria necessário um molde de dois metros por meio metro, o que permitiria que um ser humano coubesse no objeto. O recipiente seria preenchido com Gálio até imergir a pessoa, antes que a temperatura descesse abaixo dos 29°C. Para fazer o “descongelamento”, bastaria aumentar a temperatura do elemento.
Entretanto, diferentemente de Star Wars, os efeitos colaterais não seriam apenas tremores e cegueira temporária, como os que Han Solo sofreu, já que as chances de uma pessoa ser “descongelada” de Gálio com vida seriam muito baixas, comentou Baker.
“Humanos são muito mais complexos do que vermes [nemátodos] realmente simples”, pontuou o químico, acrescentando que não seria possível desidratar uma pessoa para colocá-la em um estado de animação suspensa como a “anidrobiose” sem que ela morresse. “A água é essencial para a vida e todas as reações químicas que mantêm você vivo”.
Ainda não sabemos se a hibernação prolongada e segura de seres humanos é possível.
Conforme Baker, a pessoa que entrasse no molde de Gálio também poderia ficar sem oxigênio e morrer sufocada. Ainda, as propriedades químicas, físicas e toxicológicas do metal precisam ser investigadas.
Segundo a companhia de biotecnologia Sigma-Aldrich, contato com Gálio pode potencialmente causar gosto metálico, tosse, falta de ar, dor de cabeça, náusea, vômito e dermatite.