24/11/2022 - 8:09
Um novo estudo revelou que as espécies de aves com combinações extremas ou incomuns de características enfrentam o maior risco de extinção. As descobertas foram publicadas na revista Functional Ecology.
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Liderado por pesquisadores do Imperial College London (Reino Unido), o estudo descobriu que as aves mais únicas do planeta também são as mais ameaçadas. Perder essas espécies e os papéis únicos que desempenham no meio ambiente, como dispersão de sementes, polinização e predação, pode ter consequências graves para o funcionamento dos ecossistemas.
Ao analisar o risco de extinção e os atributos físicos (como formato do bico e comprimento da asa) de 99% de todas as espécies de aves vivas, a presente pesquisa é a mais abrangente do gênero realizada até hoje.
Os pesquisadores descobriram que em cenários simulados em que todas as espécies de aves ameaçadas e quase ameaçadas foram extintas, haveria uma redução significativamente maior na diversidade física (ou morfológica) entre as aves do que em cenários onde as extinções eram aleatórias.
Espécies de aves que são morfologicamente únicas e ameaçadas incluem o rabiforcado-de-natal (Fregata andrewsi), que nidifica apenas na Ilha Christmas (território da Austrália no Oceano Índico), e o maçarico-comum (Numenius tahitiensis), que migra de seus locais de reprodução no Alasca para as ilhas do Pacífico Sul todos os anos.
Perda de papéis especializados
Jarome Ali, doutorando da Universidade de Princeton (EUA), que concluiu a pesquisa no Imperial College London e foi o principal autor da pesquisa, disse: “Nosso estudo mostra que as extinções provavelmente eliminarão uma grande proporção de espécies únicas da árvore aviária. Perder essas espécies únicas significará uma perda dos papéis especializados que desempenham nos ecossistemas. (…) Se não tomarmos medidas para proteger espécies ameaçadas e evitar extinções, o funcionamento dos ecossistemas será dramaticamente interrompido”.
No estudo, os autores usaram um conjunto de dados de medições coletadas de aves vivas e espécimes de museus, totalizando 9.943 espécies de aves. As medições incluíram características físicas como tamanho e forma do bico e o comprimento das asas, caudas e pernas.
Os autores combinaram os dados morfológicos com o risco de extinção, com base no status de ameaça atual de cada espécie na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Eles então fizeram simulações sobre o que aconteceria se as aves mais ameaçadas fossem extintas.
Capacidade de adaptação possivelmente menor
Embora o conjunto de dados usado no estudo tenha sido capaz de mostrar que as aves mais exclusivas também foram classificadas como ameaçadas na Lista Vermelha, ele não foi capaz de mostrar o que liga a singularidade das aves ao risco de extinção.
Jarome Ali disse: “Uma possibilidade é que os organismos altamente especializados são menos capazes de se adaptar a um ambiente em mudança, caso em que os impactos humanos podem ameaçar diretamente as espécies com os papéis ecológicos mais incomuns. Mais pesquisas são necessárias para aprofundar a conexão entre características e risco de extinção”.