Usando um scanner de microtomografia por raios X, construído para pesquisas odontológicas, uma equipe internacional conseguiu ler o conteúdo de uma carta da Renascença sem que fosse aberta.

Para evitar tentativas de violação, antes da invenção dos envelopes nos anos 1830, as correspondências na Europa costumavam ser dobradas e seladas de maneiras complicadas e únicas, conhecidas apenas pelo remetente e pelo destinatário.

Jana Dambrogio, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Amanda Ghassei, do Instituto de Pesquisa Adobe, ambos nos Estados Unidos, analisaram as imagens obtidas pelo scanner para reconstituir por computador o padrão de dobragem do papel de uma carta de um acervo de 577 correspondências do século 17, armazenadas em um posto dos correios em Haia, nos Países Baixos (“Nature Communications”, 2 de março).

Assim, sem danificar o artefato, elas decifraram a mensagem do comerciante francês Jacques Sennacques a seu sobrinho, Pierre Le Pers, pedindo o certificado de óbito de um parente.

* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.