23/09/2024 - 13:54
Estudo conclui que genoma de 10 mil anos de idade é geneticamente semelhante ao de grupos étnicos que vivem atualmente na Província do Cabo Ocidental, no extremo sul do continente africano.Uma equipe de pesquisadores da Universidade da Cidade do Cabo (UCT), na África do Sul, e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária em Leipzig, na Alemanha, reconstruíram os genomas humanos mais antigos já encontrados em solo sul-africano de duas pessoas que viveram há cerca de 10 mil anos, informou neste domingo (22/09) a agência de notícias AFP.
As sequências genéticas são de um homem e uma mulher cujos restos mortais foram encontrados no abrigo de pedra Oakhurst, próximo à cidade costeira de George, a cerca de 370 quilômetros da Cidade do Cabo, segundo informou a professora de antropologia biológica da UCT Victoria Gibbon.
Elas estavam entre 13 sequências reconstruídas pelos cientistas de pessoas que viveram entre 1.300 e 10 mil anos atrás. Antes dessas descobertas, os genomas mais antigos encontrados na região e reconstruídos eram de 2 mil anos.
Estabilidade genética no sul da África
O estudo de Oakhurst descobriu de maneira surpreendente que os genomas mais antigos eram geneticamente similares aos dos grupos étnicos San e Khoekhoe, que habitam a mesma região nos dias atuais, informou a UTC, em nota.
Estudos semelhantes na Europa revelaram um histórico de mudanças genéticas em larga escala devido a migrações humanas nos últimos 10 mil anos, segundo Joscha Gretzinger, autor principal do estudo. “Esses novos resultados da porção mais ao sul da África são bastante diferentes e sugerem uma longa história de uma relativa estabilidade genética”, afirmou.
Mudanças somente ocorreram quando novos habitantes chegaram à região, há cerca de 1.200 anos, introduzindo o pastoreio, a agricultura e novos idiomas, e começaram a interagir com os grupos locais de caçadores-coletores.
“Apesar de ser possível rastrear algumas das evidências mais antigas dos humanos modernos até o sul do continente africano, elas tendem a estar em mau estado de conservação”, explica Gibbon, da UCT. As mais novas tecnologias, contudo, permitem que o DNA seja obtido das amostras.
rc (AFP, DW)