Pesquisadores da Academia Austríaca de Ciências, do Instituto Arqueológico Austríaco e do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém (Israel) identificaram um pedaço de escrita em um fragmento de cerâmica descoberto em 2018 no sítio arqueológico de Lachish como a escrita mais antiga já encontrada em terras israelenses. A novidade foi abordada em artigo publicado na revista “Antiquity”.

O fragmento de cerâmica com inscrições foi encontrado em 2018 por arqueólogos em Lachish (centro-sul de Israel). Até recentemente, contudo, o texto que ele contém não havia sido analisado.

Segundo estudos anteriores, o pedaço tinha cerca de 3.500 anos. Nessa época, o local onde ele foi encontrado fazia parte de um centro cananeu. Este, por sua vez, fazia parte de uma cidade chamada Laquis (Lachish), mencionada na Bíblia. Ela foi destruída pelos israelitas depois de seu êxodo do Egito. Posteriormente, ela foi reconstruída, mas no século 7 a.C. voltaria a ser destruída.

“Escravo” e “néctar”

A descoberta ajuda a preencher uma lacuna entre os primeiros exemplos de textos encontrados e o desenvolvimento dos alfabetos semíticos na região. Segundo os pesquisadores, estudos anteriores mostraram que os primeiros alfabetos já existiam na área no século 19 a.C. No entanto, não há menção deles nos registros históricos até os séculos 13 ou 12 antes de Cristo. O texto do fragmento encontrado apresenta uma escrita inserida nesse período obscuro.

Parte da escrita no fragmento foi identificada pelos pesquisadores. Algumas das letras, combinadas, parecem compor a palavra eved (escravo, em hebraico). Outra palavra encontrada seria o equivalente a néctar.

Segundo os pesquisadores, evidências anteriores mostraram que todos os alfabetos criados no mundo começaram com hieróglifos, e a escrita encontrada no sítio de Lachish representa uma parte inicial do processo que levou ao alfabeto. Outra conclusão derivada do achado é a de que o Egito não foi a origem do alfabeto que surgiu no Levante.