Cientistas descobriram uma nova espécie humana na China, extinta há 200 mil anos. O estudo foi divulgado na quarta-feira, 27, na revista Nature, por pesquisadores da Universidade de Honolulu e da Academia Chinesa de Ciências. As 16 amostras contam com cabeças grandes, crânios largos e dentes imensos – características que elevaram o interesse dos cientistas – a novidade foi classificada como “Homo juluensis“.

Os fósseis foram encontrados juntos a vários artefatos, ferramentas de pedra e ossos de animais que revelam mais sobre suas vidas – segundo a conclusão dos pesquisadores, a espécie era caçadora e criava as próprias roupas com peles de animais. Os especialistas revelaram que os grupos caçavam cavalos em conjunto e usavam seus corpos inteiros para sustentar a caça, além de consumirem sua carne, medula e cartilagem.

Os pesquisadores acreditam que eles viviam em pequenos grupos familiares que desapareceram quando os humanos modernos migraram para a região da Europa e Ásia, há 120 mil anos. “O registro do leste asiático está nos levando a reconhecer o quão complexa é a evolução humana de forma mais geral e realmente nos forçando a revisar e repensar nossas interpretações de vários modelos evolutivos para melhor corresponder ao crescente registro fóssil”, explicou o coautor do estudo, Christopher Bae, ao South China Morning Post.

De acordo com o estudo, a linhagem viveu durante uma época de mudanças climáticas drásticas, chegando a enfrentar um período glacial – com a divisão em pequenos grupos, eles ficavam mais vulneráveis, podendo ser mais um dos motivos de sua extinção. “Essa é parte da razão pela qual a densidade populacional do Homo juluensis provavelmente nunca foi tão grande quanto quando os humanos modernos saíram da África em maior número”, disse Bae.

Segundo os pesquisadores, os crânios dos Homo juluensis eram maiores que dos neandertais e dos Homo sapiens, mas a discrepância no tamanho não significa que eles detinham uma inteligência mais desenvolvida do que os humanos modernos. Durante a análise, os especialistas compararam os novos achados com os fósseis de neandertais e os denisovanos – descobertos em uma caverna no sul da Sibéria em 2008 – o paralelo determinou que eles não estavam ligados.

Porém, eles notaram que as amostras compartilham semelhanças com os denisovanos, nos dentes. “Uma das coisas que sempre se destacou sobre os molares de Denisova foi que eles eram bem grandes. Os molares de Xujiayao do nosso espécime tipo também são bem grandes”, completou Bae. Nessa parte da investigação, foram analisadas as superfícies de mordida, parte na qual os dentes inferiores e superiores entram em contato durante a mastigação fazendo com que a parte de cima dos molares fosse “quase a mesma”.

É importante ressaltar que denisova não é uma espécie própria, mas sim um população geral de povos antigos e seu conglomerado pode pertencer aos Homo juliensis baseado em suas semelhanças. O estudo explica que a espécie provavelmente se formou devido a uma combinação de cruzamentos entre sua genética e a do Homo sapiens. “Iniciativas de pesquisa recentes na China e no leste da Ásia estão mostrando claramente que múltiplas linhagens de hominídeos estavam presentes durante o Quaternário Tardio”, declarou o estudo.

O período o qual eles são datados foi caracterizado por condições climáticas atípicas que levaram a extinção de vários grupos antigos e que a “diversidade entre fósseis humanos do leste da Ásia é maior do que esperávamos”. O artigo finaliza ressaltando que as revelações deram aos pesquisadores “uma maior apreciação do grau de complexidade presente na região”.