25/04/2019 - 11:26
Uma quimera: um monstro da mitologia grega com cabeça de leão, corpo de bode e cauda de cobra. Isso foi o que veio à mente quando os paleontólogos da Universidade de Yale, dos Estados Unidos, e da Universidade de Alberta, no Canadá, descobriram uma nova – e bizarra – espécie de caranguejo de 90 a 95 milhões de anos com características de muitos artrópodes marinhos diferentes.
“Começamos a olhar para esses fósseis e descobrimos que eles tinham o que parecia ser os olhos de uma larva, a boca de um camarão, garras de um sapo e a carapaça de uma lagosta”, disse o paleontólogo Javier Luque, um dos autores da pesquisa. “Temos uma ideia de como é um caranguejo típico – e esses novos fósseis quebram todas essas regras”.
Mas enquanto o caranguejo incomum pode ter características de muitas famílias diferentes, os paleontólogos descobriram que na verdade ele é de um novo ramo incomum na árvore da vida dos crustáceos. Seria como um ornitorrinco do mundo dos caranguejos.
Os caranguejos fossilizados, recuperados da Cordilheira dos Andes, na Colômbia, viveram em um mar raso durante o período Cretáceo. Os pesquisadores recuperaram mais de 70 dos espécimes em argila macia, junto com centenas de outros crustáceos como camarões e lagostas.
Embora os fósseis não sejam maiores que uma moeda, Luque explica que seu grau excepcional de preservação permitiu que os pesquisadores observassem detalhes – como pernas e olhos grandes, sugerindo que os caranguejos passavam a vida nadando, em vez de rastejar como a maioria dos caranguejos faz.
“Nós encontramos dezenas de animais, desde pequenas amostras de bebê até indivíduos maduros nos quais encontramos órgãos reprodutivos, uma prova de que eles eram organismos adultos. Podemos até ver facetas individuais sobre os grandes olhos compostos dessas criatura”, disse Luque. “É uma quantidade incrível de detalhes, e nós conseguimos reconstruí-los como se eles estivessem vivendo ontem”.
Segundo o pesquisador, é comum encontrar novas formas corporais em rochas mais antigas, por exemplo, do Paleozóico, quando a vida estava explodindo em muitas novas formas. Mas esta descoberta, do meio do Cretáceo, ilustra que ainda existem descobertas surpreendentes de organismos mais recentes e estranhos à espera de ser encontrados, especialmente nos trópicos. “Faz você pensar: ‘o que mais está lá fora para descobrirmos?’, diz Luque.