Cientistas vêm buscando há quase um século evidências diretas da matéria escura, elemento fundamental para a compreensão do universo. Embora seus efeitos já tenham sido observados indiretamente, um novo estudo afirma ter identificado sinais compatíveis com a colisão e aniquilação de WIMPs (partículas massivas de interação fraca), um dos principais prováveis candidatos a matéria escura.

Publicado no Journal of Cosmology and Astroparticle Physics e liderado por Tomonori Totani, da Universidade de Osaka, o trabalho relata a detecção de fótons específicos de raios gama analisados nos dados coletados pelo Telescópio Espacial de Raios Gama Fermi, de 2008. A pesquisa identificou uma estrutura semelhante a um halo de raios gama em direção ao centro da Via Láctea, com energia de aproximadamente 20 gigaeletronvolts.

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Segundo Totani, a distribuição dessa emissão corresponde à forma prevista para um halo de matéria escura. Os espectros de energia sugerem a aniquilação de WIMPs com massa cerca de 500 vezes maior que a de um próton, dentro do intervalo teórico esperado. Ele ressalta ainda que essas emissões não podem ser facilmente explicadas por eventos astronômicos conhecidos, o que fortalece a hipótese de que se trata de uma matéria escura.

Se confirmada por outros grupos de pesquisa, essa pode ser a primeira observação direta da matéria escura, indicando a existência de uma nova partícula que não faz parte do Modelo Padrão da física de partículas, um provável avanço expressivo para a física e a astronomia.

Pesquisadores agora procuram sinais semelhantes em mais regiões do universo, como galáxias anãs do halo da Via Láctea. Parte dessas evidências poderá vir de novos dados do próprio Fermi ou do futuro Observatório de Telescópios Cherenkov, dedicado ao estudo de fenômenos de alta energia.