13/12/2024 - 10:17
Um novo tipo de bactéria, chamada Deinococcus radiodurans, foi apelidada de “Conan, a Bactéria” por sua capacidade de sobreviver a ambientes extremos e suportar doses de radiação 28 mil vezes maiores do que a porção que mataria um ser humano. Sua função antioxidante, que permite que ela seja capaz de lidar com situações rigorosas, chamou a atenção de pesquisadores ao redor do mundo.
O estudo, publicado na segunda-feira, 9, revelou que esse fluido pode ser amplamente usado para proteção da saúde humana – o composto é formado por um grupo de metabólitos, que incluem células de manganês, fosfato e aminoácidos. Sua função protetora pode auxiliar astronautas que estejam expostos a altas doses de radiação cósmica, em futuras missões espaciais.
“Há muito tempo sabemos que os íons de manganês e o fosfato juntos formam um forte antioxidante, mas descobrir e entender a potência ‘mágica’ fornecida pela adição do terceiro componente é um avanço. Este estudo forneceu a chave para entender por que essa combinação é um radioprotetor tão poderoso — e promissor —”, explicou Brian Hoffman, coautor do estudo e professor de química e biociências moleculares na Weinberg College of Arts and Sciences da Northwestern University, em uma declaração.
Pesquisas anteriores já tinham indicado que a bactéria consegue sobreviver fora da Estação Espacial Internacional por três anos, além de suportar ácido, frio e desidratação. Quando seco e congelado, “Conan” pode suportar até 140.000 grays – unidade de radiação de raios X e gama – o que é 28.000 vezes mais radiação capaz de matar um humano.
Em uma análise anterior, a equipe mediu a quantidade de antioxidantes de manganês nas células das bactérias. Revelando que a quantia de radiação à qual um microrganismo poderia sobreviver está diretamente relacionada à sua porção de antioxidantes de manganês.
Na segunda investigação, Hoffman e sua equipe utilizaram um protetor derivado de melatonina – um antioxidante sintético inspirado na bactéria (MDP) que um dos membros projetou. O insumo já tem sido usado em vacinas polivalentes inativadas por radiação, que dependem da radiação para desligar patógenos como a clamídia.
O time de especialistas analisou os componentes ativos do MDP, o que revelou que a ligação de um peptídeo com o fosfato e o manganês cria um complexo ternário, eficaz na proteção contra a radiação. “Essa nova compreensão do MDP pode levar ao desenvolvimento de antioxidantes à base de manganês ainda mais potentes para aplicações em assistência médica, indústria, defesa e exploração espacial”, disse Michael Daly, coautor e professor de patologia da Uniformed Services University of the Health Sciences.
O artigo divide em duas funções principais a potência: quando usado em missões espaciais ele atua como um radioprotetor, e na Terra como proteção da saúde de uma comunidade afetada por acidentes que liberam radiação.