Diversos estudiosos se esforçam para encontrar a origem cósmica dos elementos presentes na Terra, como ferro, chumbo e ouro. Porém, foi revisitando arquivos de missões espaciais que os astrônomos receberam uma nova evidência do que poderia ter criado o ouro: magnetares, estrelas de nêutrons com campos magnéticos extremamente fortes.

De acordo com um artigo publicado na última terça-feira, 6, no The Astrophysical Journal Letters, investigações recentes mostram um horizonte promissor em relação ao conhecimento das origens de diferente materiais pesados – especialmente o ouro, elemento valioso para as relações humanas.

Até o momento, a produção galáctica desse material era identificada advinda de colisões de estrelas de nêutrons. Em 2017, especialistas observaram duas dessas estrelas se chocando, ato que gerou ondas gravitacionais, luz e raios gama. Além disso, o evento – que foi batizado de “quilonova” – liberou elementos pesados como platina, chumbo e ouro. Devido a essa característica, o processo de colisão foi comparado a uma “fábrica de ouro”.

Segundo Eric Burns, professor assistente e astrofísico da Louisiana State University em Baton Rouge, essas explosões teriam acontecido durante os últimos bilhões de anos. Porém, dados de telescópios da NASA e da Agência Espacial Europeia, que só foram decifrados agora, indicam que erupções de magnetares podem oferecer outra maneira de originar ouro. Essas erupções, por sua vez, são significativamente mais antigas do que as quilonovas.

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Os estudiosos ainda tentam entender como funciona a formação dos magnetares, mas suspeita-se que eles surgiram após as primeiras estrelas, ou seja, cerca de 200 milhões de anos desde o início do universo, há 13,6 bilhões de anos.

Por meio de uma espécie de “terremoto estelar”, esses astros exalam grande quantidade de radiação. A partir disso, as erupções magnetares também acabam ejetando massa e liberando materiais.

“O movimento sob a superfície cria uma tensão na superfície, o que pode eventualmente causar um terremoto estelar. Em magnetares, esses terremotos produzem rajadas muito curtas de raios X. Assim como na Terra, há períodos em que uma determinada estrela é particularmente ativa, produzindo centenas ou milhares de erupções em poucas semanas. E, da mesma forma, de vez em quando, ocorre um terremoto particularmente poderoso”, explicou Burns à CNN.

O mais provável é que tais erupções aqueçam a estrela de modo a expelir material da crosta em alta velocidade. As ejeções físicas poderiam, segundo os especialistas, estar associadas à produção de materiais pesados – como o ouro.

Para ampliar os estudos acerca da origem do ouro, a missão Compton Spectrometer and Imager da NASA deve ser lançada em 2027 e utilizar um telescópio de raios gama de campo amplo para averiguar as erupções magnetares.

“É uma questão bastante fundamental em termos da origem da matéria complexa no universo. É um quebra-cabeça interessante que ainda não foi resolvido.”, disse Anirudh Patel, principal autor do estudo e doutorando em física na Universidade Columbia, em Nova York, em um comunicado.