Astrônomos registram estágio inicial da formação de um sistema planetário.
Fenômeno ajuda a entender como surgiu o Sistema Solar que abriga a Terra.Astrônomos conseguiram observar, pela primeira vez, o início da formação de um planeta ao redor de uma estrela jovem semelhante ao Sol. O achado inédito ajuda a esclarecer como se formou o Sistema Solarque abriga a Terra. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (16/07) na revista Nature.

“Identificamos o momento mais precoce em que começa a formação de um planeta”, afirma Melissa McClure, professora da Universidade de Leiden, na Holanda, e autora principal da pesquisa, em comunicado divulgado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO).

A estrela investigada, chamada HOPS-315, está localizada a cerca de 1.300 anos-luz da Terra, na Nebulosa de Órion, e apresenta características semelhantes às do Sol em seus primeiros estágios de evolução.

Assim como outras estrelas jovens, HOPS-315 é envolvida por um disco protoplanetário – uma estrutura composta por gás e poeira que gira ao redor da estrela. Nesse ambiente, minerais cristalinos contendo monóxido de silício se formam a partir da condensação da matéria mista sob temperaturas extremamente elevadas.

Pistas sobre a formação de planetas

Os pesquisadores detectaram traços de monóxido de silício tanto em estado gasoso quanto na forma de cristais sólidos dentro do disco.

A presença desses detritos é essencial, pois eles são peças-chave na formação das chamadas planetesimais – corpos rochosos ou de gelo que colidem entre si. Essas colisões favorecem o acúmulo gradual de massa, que, ao longo do tempo, pode dar origem a planetas.

De acordo com o estudo, o sistema observado está justamente na fase em que esses minerais começam a se solidificar – um processo que, no Sistema Solar, ficou preservado em antigos meteoritos.

Observação feita com o telescópio James Webb

A detecção dos minerais só foi possível graças ao telescópio espacial James Webb (JWST). Em seguida, os astrônomos usaram o ALMA, observatório localizado no Chile, para localizar com mais precisão a origem dessas assinaturas químicas.

As análises mostraram que os sinais vinham de uma região específica do disco ao redor da estrela, equivalente à área ocupada pelo cinturão de asteroides que circunda o Sol.

Uma janela para o passado do Sistema Solar

“Este sistema é um dos melhores que conhecemos para estudar alguns dos processos que ocorreram no Sistema Solar”, destaca Merel van’t Hoff, professora da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, e coautora da pesquisa.

A descoberta representa um avanço importante para compreender melhor como sistemas planetários se formam e abre novas perspectivas para investigar planetas em formação em outras regiões do universo.

gq (AFP, EFE, AP, DW)