Uma pesquisa publicada na “Nature” na quarta-feira, 2, divulgou o primeiro mapa completo do cérebro de uma mosca das frutas (Drosophila melanogaster). O estudo foi conduzido pelo FlyWire Consortium, cujos integrantes pertencem às universidades de Cambridge, Princeton e Vermont. A entidade conta com 76 laboratórios e 287 pesquisadores.

O diagrama visualiza 139.255 neurônios de uma mosca adulta. A conquista representa o primeiro mapa cerebral de um animal que consegue andar e enxergar. O órgão da Drosophila melanogaster que foi analisado possui apenas um milímetro de largura e apresenta 50 milhões de conexões.

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De acordo com a Universidade de Cambridge, o estudo é o primeiro passo para que cérebros maiores sejam analisados futuramente. Segundo Gregory Jefferis, co-autor da pesquisa, não se sabe como funcionam as conexões de neurônios na maior parte dos seres vivos.

“Moscas podem fazer todo tipo de tarefa complicada, como andar, voar, se guiar e os machos cantam para as fêmeas”, relatou o pesquisador, explicando que o mapa cerebral pode nos dar o primeiro passo para entendermos mais sobre o nosso próprio cérebro. “Como controlamos nosso movimento, respondemos o telefone ou reconhecemos um amigo”, aponta Jefferis.

Os dados descobertos pelo estudo são públicos e os membros do FlyWire Consortium esperam que outros pesquisadores os utilizem. “No futuro, esperamos que isso possibilite o entendimento sobre o que ‘dá errado’ em nosso cérebro, como determinadas condições de saúde mental”, comentou a pesquisadora Mala Murthy, da Universidade de Princeton.

O mapa foi feito com um microscópio que escaneou sete mil partes cortadas do cérebro de uma fêmea de mosca das frutas. O arquivo do diagrama possui 100 Terabytes de dados e foi construído com auxílio de IA (Inteligência Artificial), já que um ser humano levaria muito tempo para organizar 50 milhões de conexões entre 140 mil neurônios.

Ao final do estudo, os pesquisadores apontaram que 0,5% dos neurônios possuem conexões incorretas. Os cientistas esperam que pesquisas futuras possam explicar se tais alterações estão relacionadas à individualidade ou a distúrbios cerebrais.