Dominica, China e Honduras foram os países mais afetados por eventos climáticos extremos, de acordo com o Índice de Risco Climático da ONG Germanwatch.Eventos climáticos extremos podem devastar uma região ou mesmo todo um país: matar ou ferir pessoas, destruir infraestruturas e lavouras, prejudicar negócios. E esse risco está se intensificando com a mudança climática.

O mais recente Índice de Risco Climático, da ONG alemã Germanwatch, compilou dados sobre esses eventos de 1993 a 2022.

Nesse período, quase 800 mil pessoas foram mortas em tempestades, inundações, secas, ondas de calor e incêndios florestais. E os danos econômicos totalizaram quase 4,2 trilhões de dólares, um valor que foi ajustado à inflação.

O índice classifica os países de acordo com o impacto econômico e humano (mortos, feridos, desabrigados e forçados a se deslocar) dos eventos climáticos extremos, como tempestades, enchentes ou ondas de calor. O país mais afetado é listado primeiro. Em 2025, a Dominica, a China e Honduras estão no topo do ranking.

Impacto humano e perdas econômicas

A consultora de políticas da Germanwatch Lina Adil, uma das autoras do relatório, explica que o objetivo do índice é dar uma visão dos riscos reais que os países estão enfrentando.

Há diferentes tipos de risco. Por um lado, há o impacto humano: mortes, ferimentos, falta de moradia e deslocamento. Depois há as perdas econômicas. As duas categorias são ponderadas igualmente.

A Dominica, o país caribenho propenso a furacões que lidera o ranking, sofreu no período de 30 anos avaliado pela Germanwatch grandes golpes econômicos com tempestades. Em 2018, por exemplo, o furacão Maria causou danos de até 1,8 bilhão de dólares. Isso equivale a 270% do PIB da Dominica.

O país também registra um alto número relativo de mortes, quando comparado à sua pequena população.

A China ficou em segundo lugar porque partes significativas de sua enorme população foram mortas ou afetadas por frequentes ondas de calor, tufões e inundações. As inundações de 2016 mataram mais de cem pessoas e desabrigaram centenas de milhares.

Honduras, o terceiro no índice, sente em especial os efeitos do clima extremo por ser um dos países mais pobres do hemisfério ocidental. Em 1998, o furacão Mitch matou mais de 14 mil pessoas e destruiu 70% das plantações e infraestrutura.

“Isso foi há mais de duas décadas, mas o impacto foi tão severo que até hoje falamos sobre isso”, diz o professor de ação climática Diego Obando Bonilla, da Universidade Zamora, em Honduras.

O furacão causou prejuízos de 7 bilhões de dólares, o que interrompeu o processo de desenvolvimento do país. Um setor particularmente vulnerável aos furacões e secas que atingem Honduras é a agricultura.

“É um dos setores mais importantes aqui, depois das remessas feitas por imigrantes. Há o café e as bananas, que são exportados, mas também os grãos, como milho ou feijão, que afetam o consumo diário das pessoas ou às vezes até mesmo o sustento”, diz Obando Bonilla.

Mudança climática afeta todos os países

Os países do Sul Global são os que enfrentam as maiores ameaças, mas o top 10 do índice também inclui países de alta renda, como Itália, Grécia e Espanha. Especificamente no ano de 2022, esses países ocuparam posições mais altas no ranking principalmente por causa das intensas ondas de calor.

“Os resultados mostram que todos os países do mundo são afetados. Não há distinção entre o Norte e o Sul Global”, diz Adil, da Germanwatch. “A principal mensagem é que o Norte Global ainda não está pronto com a gestão de risco de desastres e com a adaptação.”

O relatório menciona as inundações extremas no Vale do Ahr, na Alemanha, em 2021, e em Valência, na Espanha, em 2024, como exemplos de que autoridades europeias demoraram demais para declarar estado de emergência, com consequências desastrosas. Em ambos os casos, mais de cem pessoas morreram e muitas outras tiveram suas vidas arrasadas.

Para Adil, isso cria uma responsabilidade dupla para os países de alta renda. “Há a responsabilidade do Norte Global de se adaptar e de gerenciar melhor seus riscos, mas ao mesmo tempo de ajudar o Sul Global, que é responsável por bem menos emissões em todo o mundo.”

Isso também vale para os esforços para cortar emissões, pois enquanto as nações altamente poluidoras continuarem queimando combustíveis fósseis, os eventos climáticos extremos que empurram os países para o topo do Índice de Risco Climático serão cada vez mais fortes e frequentes.