10/09/2019 - 13:05
Na base de uma ou duas vezes por semana, uma soneca diurna pode diminuir o risco de um ataque cardíaco ou derrame, constatou pesquisa publicada online na revista “Heart”. Já um aumento nessa frequência ou na duração do cochilo não resultou em nenhum benefício adicional.
A influência da soneca na saúde do coração tem sido um assunto controvertido. Buscando contribuir para a discussão, pesquisadores do Hospital Universitário de Lausanne (Suíça) analisaram a relação da frequência da soneca e de sua duração média ao risco de eventos fatais e não fatais de doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco, derrame ou insuficiência cardíaca.
Foram selecionados aleatoriamente para a pesquisa 3.462 residentes de Lausanne. Cada participante tinha entre 35 e 75 anos de idade ao ser recrutado entre 2003 e 2006 para um estudo prévio, que tem analisado os fatores por trás do desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
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O primeiro check-up dos participantes ocorreu entre 2009 e 2012, quando foram coletadas informações sobre seus padrões de sono e soneca na semana anterior, e sua saúde foi posteriormente monitorada por cinco anos em média.
Maioria sem cochilo
Mais da metade (58%) dos participantes disse que não cochilou durante a semana anterior; cerca de 19% disseram que tiraram de um a dois cochilos. Aproximadamente 12% afirmaram que cochilaram de três a cinco vezes, enquanto 11% disseram que tiraram de seis a sete vezes na semana.
Homens mais velhos, pesados e fumantes declararam ter cochilos mais frequentes (3 a 7 vezes por semana). O sono deles à noite também era mais longo do que o daqueles que disseram não cochilar durante o dia.
Essas pessoas relataram ainda mais sonolência diurna e apneia obstrutiva do sono mais grave. Nessa condição, as paredes da garganta relaxam e se estreitam durante o sono, interrompendo a respiração normal.
No período de monitoramento, houve 155 casos fatais e não fatais de doenças cardiovasculares.
Tirar uma soneca de uma a duas vezes por semana foi associado a quase metade do risco de ataque, derrame ou insuficiência cardíaca (48%) em comparação com aqueles que não dormiram. Essa associação se manteve verdadeira mesmo considerando-se fatores potencialmente influentes, como idade e duração do sono noturno, além de outros riscos de doenças cardiovasculares, como pressão alta e colesterol.
Duração: influência nula
Não houve mudança nem após considerar-se sonolência excessiva durante o dia, depressão e sono regular por pelo menos 6 horas por noite. Apenas a idade mais avançada (65 anos ou mais) e a apneia grave do sono afetaram essa condição.
Mas o risco cardiovascular aumentado de 67% observado inicialmente para os cochiladores frequentes praticamente desapareceu depois de se levarem em conta fatores potencialmente influentes. Tampouco foram encontradas associações com casos de doenças cardiovasculares para a duração da soneca (de 5 minutos a mais de 1 hora).
Como esse estudo é observacional, não se pode estabelecer uma causa. Além disso, as informações sobre padrões de soneca e sono se baseavam em recordações pessoais. Mas a frequência da soneca pode ajudar a explicar as diferentes conclusões alcançadas pelos pesquisadores sobre o impacto desse hábito na saúde do coração, sugerem os autores do estudo.