Depois de anos examinando manuscritos do Mar Morto, estudiosos conseguiram descobertas inéditas por meio da utilização de uma nova Inteligências Artificial. Batizado de Enoch”, o programa juntou diagnósticos de datação de radiocarbono com análises de caligrafia e comprovou que os documentos podem ser muito mais antigos do que se pensava.

Diversos métodos de pesquisa foram adotados ao longo do tempo na esperança de entender os manuscritos: raios X, imagens multiespectrais, desdobramento virtual, entre outros. Mas foi a técnica da paleografia que realmente alavancou os estudos na área.

Paleografia é uma metodologia usada para estudar formas antigas de escrita, transcrevendo informações para que fiquem acessíveis. A técnica, porém, é um tanto subjetiva e depende da experiência de cada pesquisador. Assim, com objetivo de obter estimativas de data mais precisas, cientistas desenvolveram o programa de IA “Enoch”, que vasculha os conteúdos caligráficos de documentos antigos.

“O Enoch enfatiza características compartilhadas e correspondência de similaridade entre manuscritos treinados e de teste, enquanto a paleografia tradicional se concentra em diferenças sutis que se supõe serem indicativas para o desenvolvimento do estilo”, escreveram os autores.

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Segundo um novo artigo publicado pela revista “PLoS ONE”, após a coleta de 24 amostras de pergaminhos, a inteligência artificial concluiu que os manuscritos seriam, na verdade, muito mais antigos do que esperado. Antes, acreditava-se serem do século III a.C. e do século I d.C. – mas agora, admite-se que sejam de datas próximas a 150 e 50 a.C.

Esses documentos analisados fazem parte dos cerca de 900 pergaminhos encontrados por pastores beduínos entre 1946 e 1947. Eles estavam armazenados em potes de barro localizados em várias cavernas perto do que antes era o assentamento de Qumran, ao norte do Mar Morto – uma região que foi destruída por romanos por volta de 73 d.C.

Os estudiosos constataram que dois dos pergaminhos são os primeiros fragmentos conhecidos do Livro de Daniel, que pode ter sido concluído por um autor anônimo por volta de 160 a.C. Trata-se de um passo significativo, e mostra que a inteligência artificial é usada para desvendar questões históricas cada vez com mais frequência. 

“Com a ferramenta Enoque, abrimos uma nova porta para o mundo antigo, como uma máquina do tempo, que nos permite estudar as mãos que escreveram a Bíblia. É muito emocionante dar um passo significativo na solução do problema de datação dos Manuscritos do Mar Morto e também criar uma nova ferramenta que possa ser usada para estudar outras coleções de manuscritos parcialmente datados da história”, completaram os autores.