04/11/2019 - 0:04
Se os cometas contêm realmente matéria primitiva e inalterada que sobrou do nascimento do Sistema Solar, estudar seus materiais voláteis é um recurso importante para entender os processos físicos e químicos que ocorrem durante a formação dos planetas. Por isso mesmo, analisar os materiais voláteis de um cometa originário de fora do nosso sistema, o 2I/Borisov, descoberto em agosto, ganha ainda mais relevância, e um estudo sobre isso será publicado na revista “Astrophysical Journal Letters”.
“A descoberta do cometa interestelar 2I/Borisov oferece uma oportunidade de provar a composição volátil de um cometa que é inequivocamente de fora do Sistema Solar, fornecendo restrições à física e química de outros discos protoestelares”, disseram Adam McKay, do Goddard Space Flight Center da Nasa e da American University, e colegas. “Como a água (H2O) é o volátil dominante na maioria dos cometas do Sistema Solar, medir a produção de H2O no 2I/Borisov é essencial para a interpretação de todas as outras observações desse cometa, incluindo outros voláteis.”
Os cientistas usaram um sofisticado espectômetro no Observatório Apache Point, no Novo México (EUA), para estudar a luz refletida pelo 2I/Borisov no início de outubro. Eles encontraram grandes quantidades de oxigênio ao redor do cometa, possivelmente resultado da transformação do gelo em água ou da sublimação (do sólido para o gasoso), conforme o cometa é aquecido pelo Sol.
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“Se uma molécula de água sublima na superfície, ela é liberada como vapor d’água”, afirmou McKay. Na sequência, os raios ultravioleta do Sol quebrarão a molécula em hidrogênio e oxigênio, que foi o que a equipe detectou.
Outras origens
As descobertas sugerem que o cometa está atualmente produzindo até 19 kg de água por segundo.
Mas o oxigênio pode ter outras origens. Ele pode, por exemplo, provir de monóxido de carbono ou dióxido de carbono, o que exigirá mais observações para verificação. A atividade do cometa na medida em que se aproxima do Sol, contudo, é mais consistente com o que se esperaria da água, avaliaram os cientistas.
“São necessárias mais medidas conforme o 2I/Borisov se aproxima do periélio para entender completamente sua composição e atividade”, disse McKay. Para ele, estudar a composição desse gelo poderia nos dar uma visão fascinante de outros sistemas. “Somos especiais como um sistema planetário ou existe um monte de sistemas planetários como o nosso? Isso tem implicações para a origem da vida e quão comum é a vida em todo o universo.”