27/04/2023 - 7:33
As conexões entre a estrutura do cérebro e sua função são um foco-chave da neurociência. Um novo estudo da Universidade Médica de Viena (Áustria) envolvendo uma equipe de parceiros internacionais tem analisado a evolução e sua relação com as capacidades da arquitetura do cérebro humano e animal. As descobertas mostraram que a forma do cérebro se desenvolveu em paralelo com a função do órgão ao longo da evolução. Os resultados do estudo foram publicados na revista Nature Communications.
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No estudo, foram examinados modelos de superfície 3D dos cérebros de 90 espécies de Euarchontoglires (supraprimatas), como humanos, macacos, saguis, camundongos, ratos, esquilos e hamsters. A modelagem baseada em computador de ancestrais comuns e a análise das formas das estruturas neuronais foram usadas para criar uma representação comum dos cérebros. Pela primeira vez, isso permitiu analisar a diversidade de formas cerebrais e sua relação com a função, o comportamento e a ecologia, ou seja, a relação entre os seres vivos e seu ambiente.
Os resultados confirmam que a forma do cérebro se desenvolveu em paralelo com a função do órgão ao longo de sua evolução. “Ao avaliarmos os vários padrões de crescimento, fomos capazes de identificar sete grupos que se expandiram juntos durante a evolução do cérebro e que correspondem a aspectos específicos das habilidades cognitivas em animais e humanos”, explicou o principal autor Ernst Schwartz, do Laboratório de Pesquisa em Imagem Computacional (CIR) no Departamento de Imagem Biomédica e Terapia Guiada por Imagem da Universidade Médica de Viena.
Início pelas áreas de atenção visual
Como resultado, o cérebro se adapta ao seu ambiente primeiramente expandindo suas áreas de atenção visual antes de outras áreas envolvidas em funções cognitivas superiores, como linguagem e memória.
O estudo foi realizado em parceria com pesquisadores de todo o mundo. “O estudo não teria sido possível sem a cooperação internacional excepcionalmente aberta e interdisciplinar que o caracterizou. Ele combina elementos de neurociência, anatomia, paleontologia e matemática – e envolveu mais de uma dúzia de laboratórios em todo o mundo”, disse o autor correspondente do estudo Georg Langs, da Universidade Médica de Viena.
“Um dos gatilhos para este trabalho foi o interesse pela plasticidade – a questão de por que algumas regiões do cérebro são mais capazes de se reorganizar durante uma doença do que outras. E esperamos que uma melhor compreensão da geometria do cérebro nos ajude a obter conhecimentos sobre esses mecanismos”, acrescentou ele. Os resultados da pesquisa também podem ajudar a entender melhor as características comuns – e diferentes – entre animais e humanos.