A ciência explica como o ator e atleta de força Hafþór Júlíus Björnsson, conhecido por seu papel como “Montanha” no seriado Game of Thrones, conseguiu realizar o feito de erguer 510 kg no levantamento terra (deadlift). O feito não é resultado de um único fator, mas de uma combinação de genética, adaptações fisiológicas extremas e uma complexa aplicação dos princípios da biomecânica.

Para um ser humano suportar e mover uma carga tão monumental, o corpo precisa passar por uma série de transformações que começam no nível esquelético e se estendem até a fibra muscular. Primeiramente, a estrutura óssea de atletas de força de elite é notavelmente mais densa e robusta que a de um indivíduo comum. Anos de treinamento com pesos progressivamente mais pesados estimulam a deposição de minerais nos ossos, fortalecendo-os para que não se fraturem sob a imensa compressão e tensão do levantamento.

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Componente muscular e sistema nervoso

Atletas como Björnsson possuem uma quantidade de massa muscular fora do comum, desenvolvida por meio de treinamento intenso e uma dieta hipercalórica. No entanto, alguns fatores de nascença ajudam a explicar o fenômeno: a força explosiva necessária para o deadlift depende predominantemente de fibras musculares do tipo II, ou de contração rápida, e a genética desempenha um papel fundamental na proporção dessas fibras. Indivíduos com uma predisposição genética para uma maior quantidade de fibras do tipo II têm um potencial inato para desenvolver força e potência superiores.

O sistema nervoso central é outro pilar desta capacidade. A força que um músculo pode gerar não depende apenas de seu tamanho, mas também da eficiência com que o cérebro consegue recrutá-lo. Por meio do treinamento de força máxima, o corpo aprimora o que os cientistas chamam de “acionamento neural”. Isso significa que o cérebro se torna mais eficaz em enviar sinais elétricos para os músculos, ativando um número maior de unidades motoras simultaneamente e com maior frequência. Essa sincronização resulta em uma contração muscular muito mais poderosa.

Centro de gravidade corporal

A biomecânica do movimento é a peça final dos componentes corporais necessários para a proeza. A técnica do levantamento terra é projetada para distribuir a carga por múltiplos grupos musculares – incluindo os glúteos, isquiotibiais, quadríceps, eretores da espinha e os músculos do core e da pegada. Atletas de elite como o “Montanha” aperfeiçoam sua forma para minimizar a distância que a barra precisa percorrer e para manter o peso o mais próximo possível de seu centro de gravidade, reduzindo o torque sobre a coluna lombar e maximizando a alavancagem. A altura e a envergadura de Björnsson, por exemplo, influenciam a mecânica de seu levantamento.

Durante o levantamento, o atleta cria uma pressão intra-abdominal significativa, que atua como um “cinturão” natural para estabilizar a coluna vertebral. Isso, combinado com a força de tendões e ligamentos, que também se fortalecem com o treinamento, permite que o corpo funcione como uma unidade coesa para superar a gravidade e mover a carga.

Desse modo, o levantamento de 510 kg por Hafþór Júlíus Björnsson parece ser o ápice da potencialidade humana, em que a predisposição genética é levada ao limite por meio de anos de treinamento e dieta calculada.