01/07/2014 - 12:01
Que o caminho para o time inglês vencer a Copa do Mundo no Brasil não seria fácil já se sabia. A seleção britânica caiu no chamado “grupo da morte”, com mais dois campeões mundiais, a Itália e o Uruguai, de quem perdeu por 2 a 1 na estreia, e ainda empatou com a Costa Rica de 0 a 0. Se considerassemos o cálculo das probabilidades de sucesso dos ingleses segundo o físico Stephen Hawking, as chances pareciam, mesmo, estar em outra galáxia.
Além de ter resolvido grandes enigmas do cosmo, Hawking também é fã de futebol e não apostaria na equipe de seu país. Mas resolveu apontar o caminho teórico da vitória depois de analisar os fatores decisivos do desempenho inglês em mundiais desde 1966, única vez em que o país foi campeão do mundo. Com a fórmula acima o cientista chegou à conclusão de ffique as chances de vitória da Inglaterra aumentariam sob determinadas condições.
Primeiro, as condições climáticas deveriam ser amenas. De acordo com o professor, um aumento de 5ºC na temperatura média durante os jogos reduziria as chances da esquadra inglesa em até 59%.Talvez isso explique, em parte, a derrota para os italianos no primeiro jogo, realizado sob alta temperatura na Arena Amazônia, em Manaus (30º C, às 19h, com umidade do ar a 80%).
As possibilidades dobrariam em altitudes abaixo de 500 metros. Também aumentariam em um terço se a partida começasse às 15h do horário local. E em mais um quinto se os jogadores usassem o uniforme vermelho, que proporciona mais motivação e intimida os adversários, segundo um estudo de psicólogos alemães. A formação da equipe no esquema tático 4-3-3, e a participação de árbitros Patrocínio europeus apitando as partidas (mais simpáticos aos conterrâneos) também poderiam contribuir.
Brasil ou Argentina
Pode parecer delírio, mas modelos estatísticos já são usados eficientemente no esporte há algum tempo. No futebol a tendência é mais recente, mas vem ganhando terreno. No Brasil desde 2005, a empresa Footstats é especializada em fazer análises matemáticas do futebol nacional.
Por meio do levantamento e do cruzamento das informações é possível identificar os pontos fortes e fracos de cada time e jogador. O trabalho pode revelar informações preciosas e ajudar os clubes a contratar jogadores e a traçar estratégias.
Um exemplo: o jogador que melhor cruza a bola no Brasil tem um índice de acerto de apenas 25%. “Em qualquer negócio no mundo, se você descobre que determinada ação só tem 25% de acerto, você para de fazer isso. Por que no Brasil ainda se insiste em cruzamentos?”, questiona José Eduardo Romanini, fundador da Footstats.
Baseado nesse tipo de informação o Grupo de Modelagem Estatística no Esporte (GMEE), da Ufscar, assim como Stephen Hawking, determinou quais das seleções têm mais chances de levantar a taça no dia 13 de julho no Maracanã: os números apontam para uma final entre Brasil e Argentina, com ligeira vantagem para os donos da casa.
Seria essa também a aposta de Stephen Hawking: “Os anfitriões ganharam 30% das Copas do Mundo e, como verificado no estudo, há vantagens significativas, tanto relativas ao meio quanto psicológicas, como a vantagem de jogar em casa”, declarou.
Nunca é demais lembrar, porém, que a zebra gosta dos campos futebol. De acordo com Romanini, 77% das vitórias pertencem aos times que, numa partida, conseguem o maior número de finalizações e desarmes. “Mas, entre todos os esportes, o sucesso nos 23% restantes só acontece no futebol”, diz. Nenhuma fórmula garante 100% de certeza, mas ajuda a chutar na direção certa. Deve ser por isso que os ingleses voltaram cedo para casa.