03/09/2025 - 11:07
Estudo que analisou evolução ao longo de 8.000 anos revela que humanos mudaram padrão no tamanho de espécies, com animais selvagens ficando menores e os domésticos maiores.Com o tempo, o tamanho médio de animais muda. Isso é algo normal no processo de evolução. Fatores ambientais podem estimular, às vezes, a diminuição corporal de uma determinada espécie. Um século depois, os descendentes desses animais podem voltar a crescer. Ao longo de milhares de anos, pesquisadores observaram períodos de diminuição e de aumento de tamanho em várias espécies.
Quando humanos chegaram e começaram a criar certas espécies, o tamanho de animais selvagens e domesticados continuou se desenvolvendo nesses mesmos ciclos. Mas esse padrão mudou durante a Idade Média, revelou um estudo da Universidade de Montpellier, no sul da França, divulgado nesta segunda-feira (01/09) na revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os pesquisadores descobriram que durante a Idade Média e a Era Moderna (aproximadamente de 1.000 a 2.000) houve uma divergência na evolução corporal de animais domésticos e selvagens. “As espécies selvagens ficaram menores, quanto as domesticadas ficaram maiores”, afirma a bioarqueóloga Allowen Evin, uma das autoras do estudo.
Raposas e coelhos menores, ovelhas e galinhas maiores
De acordo com o estudo, espécies selvagens, como cervos, raposas, lebres e coelhos, perderam tamanho devido à diminuição ou à fragmentação do seu habitat natural ocorrida pela expansão de assentamentos humanos. A intensificação da caça no final da Idade Média também contribuiu para o processo.
“Paralelamente, o controle humano sobre as populações domesticadas aumentou com uma maior especialização e a reprodução seletiva mais sistemática sob práticas de manejo controlada”, explica Evin. Entre as espécies domesticadas que ficaram maiores estão ovelhas, cabras, bois, porcos e galinhas.
Os resultados do estudo mostram “a profunda e duradoura prevalência de influências ambientais em todas as espécies e o impacto crescente das atividades humanas durante o milênio passado”.
Aumento constante da influência humana na natureza
Para analisar a evolução corporal dos animais, os pesquisadores estudaram 225.780 ossos encontrados em 311 sítios arqueológicos no sul da França, num período que abrangem os últimos 8.000 anos. Inicialmente, a pesquisa seria voltada apenas a espécies domesticadas, mas como foram encontradas muitas informações sobre animais selvagens, o estudo foi expandido e resultou numa ampla comparação.
Evin e seus colegas acreditam que decifrar a evolução dos animais em conexão com o desenvolvimento humano revela muito sobre nossa própria história. Ao longo dos últimos milênios, “a influência humana na natureza tem aumentado muito”, pontua a bioarqueóloga.
“Estamos convencidos que entender o nosso passado e como os humanos evoluíram e coevoluíram com outras espécies e seus ambientais é essencial para entendermos a origem e o desenvolvimento de nossa sociedade moderna”, afirma Evin.