12/07/2022 - 9:58
As plantas se protegem de riscos ambientais, como insetos, seca e calor, produzindo ácido salicílico – também conhecido como aspirina. Uma nova compreensão desse processo pode ajudar as plantas a sobreviver ao estresse crescente causado pelas mudanças climáticas.
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Cientistas da Universidade da Califórnia em Riverside (EUA) publicaram recentemente um artigo na revista Science Advances no qual relatam como as plantas regulam a produção de ácido salicílico. Os pesquisadores estudaram uma planta modelo chamada Arabidopsis, mas esperam aplicar sua compreensão das respostas ao estresse nas células dessa planta a muitos outros tipos de plantas, incluindo aquelas cultivadas para alimentação.
Importância da quantidade
“Gostaríamos de poder usar o conhecimento adquirido para melhorar a resistência das culturas”, disse Jin-Zheng Wang, geneticista de plantas da Universidade da Califórnia em Riverside e coautor do novo estudo. “Isso será crucial para o suprimento de alimentos em nosso mundo cada vez mais quente e brilhante.”
Estresses ambientais resultam na formação de espécies reativas de oxigênio (ROS, na sigla em inglês) em todos os organismos vivos. Sem protetor solar em um dia ensolarado, a pele humana produz ROS, que causa sardas e queimaduras. Altos níveis de ROS em plantas são letais.
Tal como acontece com muitas substâncias, o veneno está na quantidade. Em níveis baixos, as ROS têm uma função importante nas células vegetais.
“Em níveis não letais, as ROS são como um chamado à ação de emergência, permitindo a produção de hormônios protetores, como o ácido salicílico”, disse Wang. “As ROS são uma faca de dois gumes.”
Molécula de alarme inicial
A equipe de pesquisa descobriu que o calor, o sol ininterrupto ou a seca fazem com que o aparelho de produção de açúcar nas células das plantas gere uma molécula de alarme inicial conhecida como MEcPP.
No futuro, os pesquisadores querem saber mais sobre a MEcPP, que também é produzida em organismos como bactérias e parasitas da malária. O acúmulo de MEcPP nas plantas desencadeia a produção de ácido salicílico, que por sua vez inicia uma cadeia de ações protetoras nas células.
“É como se as plantas usassem um analgésico para dores, assim como nós”, afirmou Wilhelmina van de Ven, bióloga de plantas da Universidade da Califórnia em Riverside e coautora do estudo.
Proteção de cloroplastos
O ácido protege os cloroplastos das plantas, que são o local da fotossíntese, um processo de uso da luz para converter água e dióxido de carbono em açúcares para energia.
“Como o ácido salicílico ajuda as plantas a resistir ao estresse que se torna mais prevalente com as mudanças climáticas, ser capaz de aumentar a capacidade das plantas de produzi-lo representa um passo à frente no desafio dos impactos das mudanças climáticas na vida cotidiana”, disse Katayoon Dehesh, autora sênior do artigo e professora de bioquímica molecular na Universidade da Califórnia em Riverside.
“Esses impactos vão além da nossa alimentação. As plantas limpam nosso ar sequestrando dióxido de carbono, nos oferecem sombra e fornecem habitat para vários animais. Os benefícios de aumentar sua sobrevivência são exponenciais”, acrescentou ela.
