O terremoto na península russa de Kamchatka provocou alertas de tsunami, que não são raridade nos oceanos. Mas como as ondas gigantes se formam e o que as torna tão perigosas?Nesta quarta-feira (30 de julho), um forte terremoto sacudiu o fundo do mar a leste da península russa de Kamchatka. Com magnitude de 8,8, o fenômeno foi o mais forte do mundo desde o desastre de Fukushima, no Japão, em 2011, segundo informações do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

Devido a isso, várias regiões do Pacífico receberam alertas de tsunami. Em algumas áreas costeiras, ocorreram inundações, enquanto em outras as ondas não chegaram.

A palavra “tsunami” vem do idioma japonês e significa “onda de porto”. O nome teria surgido depois que pescadores japoneses, que estariam distantes da costa e em um mar aparentemente calmo, encontraram aldeias completamente destruídas ao retornarem para casa – e é isso que caracteriza um tsunami e está relacionado ao seu desenvolvimento.

A formação do tsunami

As ondas gigantes podem surgir quando terremotos, deslizamentos de terra, erupções vulcânicas, explosões nucleares ou mesmo impactos de meteoritos abalam o fundo do mar.

Ao contrário das ondas normais, formadas pelo vento ou pelas correntes, em um tsunami toda a coluna de água entra em movimento. Essa coluna se estende desde a superfície até o fundo do mar, podendo percorrer vários quilômetros no caso de águas profundas.

A imensa força das ondas de um tsunami também é demonstrada pelo fato de que peixes que vivem a cerca de 1.000 metros de profundidade aparecerem na superfície.

Quase nada perceptível

Os tsunamis podem se propagar a até 900 km/h, atravessando oceanos inteiros em pouco tempo. Em alto mar, porém, a onda não costuma ultrapassar dois ou três metros de altura e, muitas vezes, devido à sua grande extensão, não é percebida por tripulações de embarcações.

Assim, enquanto um tsunami percorre as profundezas do oceano, a distância entre as cristas das ondas pode chegar a 150 quilômetros ou mais.

Mas em águas costeiras rasas e baías estreitas, a velocidade diminui, levando a onda a ganhar alturas de até 40 metros e podendo, desta forma, devastar regiões inteiras.

A geografia da costa também influencia a configuração de um tsunami. Pode ocorrer, por exemplo, uma série de inundações que sobem e descem rapidamente, ondas que quebram ou, em casos mais raros, uma única onda gigante com uma frente íngreme e quebrada.

Ondas gigantes de até 30 metros de altura concentram uma força destrutiva inimaginável, frequentemente atingindo áreas distantes do litoral.

Tsunamis não são raros

O maior risco de tsunami existe devido à grande atividade da crosta terrestre ao redor do Pacífico. Por isso, serviços de alerta tentam advertir regiões em risco a tempo, utilizando boias sensoriais, computadores e satélites.

Uma das ondas mais altas da história foi provocada pela erupção do vulcão Krakatoa, na Indonésia, em 27 de agosto de 1883: com cerca de 30 metros de altura, o tsunami atingiu as costas de Java e Sumatra, causando a morte de mais de 36.000 pessoas.

Em 1946, um terremoto nas Ilhas Aleutas, no Alasca, provocou um tsunami que deixou cinco mortos no estado americano e, horas depois, 159 no Havaí.

Em 1992, mais de 2.000 pessoas morreram no leste da Indonésia quando uma ilha foi subitamente engolida pelas águas.

Em julho de 1998, uma onda gigante provocada por um terremoto em Papua Nova Guiné causou a morte de mais de 1.200 pessoas.

Em 26 de dezembro de 2004, um tsunami atingiu o sudeste asiático, causando a morte de aproximadamente 230.000 pessoas. A enorme onda, provocada por um terremoto de magnitude 9,1, varreu grandes áreas das costas da Indonésia, Tailândia e Malásia, bem como trechos da costa do Sri Lanka e do sul da Índia.

Em março de 2011, um forte terremoto atingiu a costa japonesa, provocando um tsunami que matou mais de 18.000 pessoas e deixou quase meio milhão de desabrigados. Esse episódio foi o gatilho para o desastre nuclear de Fukushima.